A origem do Carnaval em Veneza.

 A origem do Carnaval de Veneza e suas Máscaras
A origem do Carnaval de Veneza remonta ao governo do doge Vitale Faleir (1084 – 1096), que o instituiu oficialmente através de um decreto datado de 1094. A palavra tem origem na expressão latina carnis laxatio, cujo significado é “abandono da carne”. Originalmente, o vocábulo teria sido associado a um comportamento casto dos penitentes no início da Quaresma, como uma espécie de purificação antes dos ritos Pascais.
Em 1296, a terça-feira anterior à Quaresma foi declarada feriado pelo Senado, oficializando assim a criação da festa popular que na altura já era chamada de Carnaval.
Nos anos seguintes, a festa cresceu de tal modo que durava meses: o carnaval começava nos primeiros dias de outubro ( início da temporada teatral), era suspenso durante o Advento ( tempo litúrgico que, na Igreja Católica, corresponde às quatro semanas anteriores ao Natal), recomeçava em 26 de dezembro, para terminar na terça-feira anterior à Quaresma.
Para celebrar o carnaval em plena liberdade, os venezianos usavam túnicas e vestes que os protegiam dos olhares curiosos e lhes permitiam cometer todo o tipo de excessos. A máscara protegia os rostos e eliminava a diferença entre sexos e classes sociais. A festa era completada pela presença de saltimbancos, músicos, atores, operadores de marionetas, comediantes, amestradores de animais, que se misturavam pela cidade, além da profusão de peças teatrais e grandes banquetes.
Uma das atrações mais famosas do carnaval veneziano é o chamado “ Vôo da Colombina”, que era, na verdade, um escravo a descer por uma corda presa ao campanário da igreja de São Marcos até o centro da praça. Posteriormente, o escravo foi substituído por um acrobata e, finalmente, por uma pomba (em italiano, colomba) de madeira , que atirava flores sobre os animados pedestres.

As Máscaras do Carnaval de Veneza

Os personagens que fazem grande sucesso no carnaval veneziano são aqueles que tem a sua origem no teatro, com a Commedia dell’arte. Chamado ainda de all’improviso (de improviso) ou a soggetto (de repente), este género nasceu na Itália no final do século XVI e espalhou-se pela Europa, principalmente na França, durante os dois séculos seguintes

PANTALONE
É a máscara veneziana mais conhecida. A sua origem está na Commedia dell’arte. Discute-se, ainda hoje sobre a origem etimológica deste nome: Pantalone teria sido um homem muito rico e, apesar da sua idade avançada, era famoso pelas suas aventuras sexuais. O personagem representa, na Commedia dell’arte, o conservadorismo hipócrita da sociedade.
 
BRIGHELA
É o servo da commedia dell’arte. Astuto e engenhoso, é a figura que pode ser leal ou trair os patrões. É o responsável pela música e pela dança; seu objeto de cena é o violão.
 
ARLECHINO
A máscara mais popular. O seu temperamento é diferente daquele que encontramos em Brighela: enquanto este é astuto, o Arlequim, como dizemos na língua portuguesa, é pouco inteligente e muito trapalhão. O seu modo de caminhar assemelha-se à dança e o seu sotaque é próprio dos dialetos menos prestigiados.
 
COLOMBINA
É a maliciosa criada da commedia dell’arte. Personagem cómica que não é nenhum exemplo de virtude e eterna amante de Arlequim. A sua vestimenta é simples e, às vezes, traz o colorido da veste d0 seu namorado. Expressa-se através do dialeto toscano (Fiorentino), sem desdenhar os outros dialetos.
IL DOTTORE
Doutor apenas no título, este personagem pode se fazer passar por médico, advogado ou qualquer outra profissão de prestígio, de acordo com a farsa que queira executar. Presunçoso, soberbo, exibe citações latinas decoradas. Quando chamado por aqueles que crêem nas suas palavras para realizar alguma tarefa séria, desvia-se com o seu latim misturado com dialetos locais. O seu figurino é a roupa negra dos advogados misturada com o barrete dos médicos da época.
PULCINELLA
É, como Arlequim, um servo tosco, mas que pode mostrar-se astuto ou covarde. A sua inspiração é Nápoles, enquanto os outros são inspirados na sobriedade de Bolonha. O seu espírito napolitano traz-lhe vivacidade.
 
CAPITANO
A sua inspiração são os soldados mercenários que infestaram a Itália no passado e há registos de que possa ser uma sátira contra o governo espanhol que dominou a Itália. Raramente, usa a máscara presa ao rosto.

Fonte:Pinto Lopes Viagens

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