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12 Princípios educativos da família real britânica que todos podemos aprender.

Dizem que filhos de reis dormem em lençóis de seda, comem em pratos de ouro e levam uma vida de puro ócio e diversão. Será?

Decidimos pesquisar um pouco como é a educação dos herdeiros da coroa mais famosa do mundo, a britânica. A vida de George e Charlotte, filhos dos Duques de Cambridge, o príncipe William e Kate Middleton, não é exatamente esse mundo de fantasia. Confira alguns detalhes e perceba a maneira sóbria com que as crianças são educadas.

12. Ser da família real não é motivo para ter uma vida de puro ócio

A família dos Duques de Cambridge tem apenas uma babá. A responsabilidade de dar comida, banho e passear é dos pais. O pai, o Príncipe William, trabalha como piloto de helicóptero de serviços médicos de emergências.

11. Respeitar o trabalho dos demais

Os bisnetos da Rainha Elizabeth desde pequenos entendem que o trabalho de qualquer pessoa é valioso e deve ser respeitado, seja na cozinha, seja arrumando o quarto. É por isso que George e Charlotte sabem que não podem desperdiçar comida e sempre arrumam qualquer bagunça que fizerem.

10. A família é o mais importante na vida

Aos 4 anos de idade, George cuidava da sua irmã mais nova, afirma a mãe Kate. Pouco a pouco, eles se tornaram grandes amigos. Desde pequenos eles aprendem sobre a história da família e costumam frequentar a tumba da avó, a Princesa Diana. William sempre passeia com os filhos. George gosta de perguntar tudo sobre o mundo ao pai e Charlotte gosta de cozinhar com a mãe.

9. Todos têm o direito de expressar seus pensamentos e sentimentos

Contrariando o que a tradição impõe, os pais Kate e William incentivam o desenvolvimento da inteligência emocional nos filhos. “Vemos como eles se relacionam com os colegas na escola, e sabemos que, hoje, vivemos em um mundo diferente. No mundo atual não existe mais aquele medo de falar abertamente sobre o que nos preocupa”, afirma William.

8. Formação Educativa

A leitura é o passatempo favorito de George e de Charlotte. A mãe das crianças sempre as leva a museus e exposições, e o museu favorito de George é o Museu de História Natural de Londres. “As crianças adoram vir aqui, e não apenas pelos dinossauros”, afirma Kate.

7. Amor pelo esporte

Os Duques de Cambridge são famosos pelo amor ao esporte: Kate adora jogar hockey sobre grama e William é fanático por futebol, basquete e polo. O príncipe George e a princesa Charlotte ainda não mostram muita paixão por nenhum esporte, mas os pais não deixam de incentivá-los.

6. Protocolos e normas sociais, independentemente da idade, em lugares públicos

As crianças sabem perfeitamente bem o que podem e o que não podem fazer em público. Se se comportam de maneira errada, são castigados imediatamente. O príncipe George tentou muitas vezes quebrar essas normas em parques e foi mandado para casa no mesmo momento.

5. Em casa, podem relaxar

“Eles ainda não quebraram nada mas sempre tentam. George corre, empurra as coisas e pula pela casa toda. Espero que isso diminua com o tempo, por favor”, confessa William.

4. Castigos físicos estão proibidos

Por pior que as crianças se comportem, os pais nunca apelam para castigos físicos. Quando George faz birra, a mãe Kate sempre encontra uma maneira de conversar e chamar a atenção do garoto. Muitas vezes, ela mesma se joga no chão e começa a gritar, fazendo com que os filhos fiquem assustados e se acalmem.

O príncipe George e a princesa Charlotte passam muito tempo fora de casa, correndo e andando de bicicleta. Eles estão proibidos de usar aparelhos eletrônicos. Kate e William acreditam que esse tipo de brinquedo não é necessário por enquanto, e preferem deixá-los para quando as crianças forem um pouco mais velhas.

2. ’Sim’ aos desenhos animados

Ver televisão em família está permitido, mas apenas em horários estabelecidos. Charlotte adora a ’Peppa Pig’ e George adora ’Sam, o Bombeiro’.

1. Consumo razoável

Kate e William não são consumistas. Eles costumam recusar artigos da moda e muitas vezes vemos George e Charlotte com roupas que os pais usaram quando eram crianças, ou com a roupa do tio Harry. Se precisam comprar algo novo, Kate prefere optar por roupas que a maioria das pessoas também compra, e não marcas de luxo.

Consumidores de Luxo

Fonte: Victoria Macdonald, Luxsell.me

Nem todos os consumidores de luxo são reconhecíveis de imediato: eles podem não estar dirigindo um Bentley ao chegar na sua loja, ou vestindo a última tendência. O fato é que, mesmo tendo milhões de dólares, alguns consumidores com alto patrimônio consideram-se classe média. Rachel Sherman, repórter do jornal The New York Times, recentemente entrevistou uma série de indivíduos ricos que não se consideram “ricos” ou “classe alta”, e muitas vezes preferem utilizar termos como “confortáveis” e “afortunados”. Alguns até se consideram “classe média” ou “entre as classes”.

Para esses indivíduos – que a repórter denominou como “rico em trabalho” – os conceitos de raridade, elitismo e reconhecimento podem não ter grande influência. Sherman explica como esses consumidores entendem o processo de compra: “as pessoas ricas devem se sentir dignas de privilégios. Ser digna significa trabalhar duro e gastar o dinheiro sabiamente. Esse tipo de consumidor rico não é influenciado pelo wow” diz ela; eles precisam entender o real valor das suas compras. Eles não se contentarão com o valor que pagaram por algo, ao invés disso, ficarão felizes em saber detalhadamente o dinheiro que economizaram.

O valor que cada um desses consumidores atribui a sua compra irá variar de indivíduo para indivíduo. Suas razões podem ser variadas assim como o mecanismo complexo de um relógio suíço, e ainda podem ser baseadas em economia ou emoções. Isso significa que um vendedor especializado e experiente deverá descobrir o que é de valor para cada tipo de cliente.

A autora do texto trabalhou para a marca Tiffany&Co há alguns anos atrás. Durante muito tempo, ela desejou um colar que estava fora do que ela gostaria de pagar. Quando lançaram o colar em um material mais acessível, surgiu a oportunidade de adquiri-lo. No entanto, durante o processo de compra, o vendedor fez perguntas simples: como ela pretendia usar o colar, quais outros tipos de joias ela possuía e como cuidava das peças; e através das respostas ela percebeu que a versão mais cara do colar era a mais apropriada para o uso dela. Embora significativamente mais caro, a decisão de compra baseou-se em durabilidade, manutenção e frequência de uso. Em nenhum momento o especialista em vendas tentou invadir o íntimo da autora para descobrir seus hábitos. Para ela, foi um decisão prática e com significado a longo prazo, e não uma busca por status. Foi uma compra que “valeu a pena”, e este sentimento deve estar presente na cabeça dos seus clientes ao deixarem a sua loja ou adquirirem seu serviço.

Fazer as perguntas certas irá facilitar o especialista em vendas a posicionar o produto ou serviço da forma mais sensível para o consumidor. Para alguém que evita o elitismo, mencionar que o produto é exclusivo, última geração, raro de ser encontrado e objeto desejo de alguma celebridade; só irá atrapalhar o processo de compra. O vendedor deve demonstrar que o produto ou serviço faz sentido para o cliente, baseado nas informações compartilhadas. Desta forma uma relação de confiança começa a ser construída e irá proporcionar compras futuras.

Evidência mais antiga de produção de vinho é encontrada.

Enófilos tomem nota: 5.980 a.C. foi um ano muito bom para vinhos.

Vinho é colocado em taça na França
03/04/2017 REUTERS/Regis Duvignau
Vinho é colocado em taça na França 03/04/2017 REUTERS/Regis Duvignau

Foto: Reuters

Cientistas anunciaram nesta segunda-feira a descoberta da evidência conhecida mais antiga de produção de vinho, detectando sinais de químicos indicativos de bebida alcoólica fermentada feita de uvas em fragmentos de jarros de cerâmica de quase 8 mil anos em dois locais a cerca de 50 quilômetros de Tbilisi, capital da Geórgia.

As descobertas indicam que esta importante conquista cultural ocorreu antes do que previamente conhecido na região do Cáucaso Sul, na fronteira do leste da Europa e oeste da Ásia. Até agora, a evidência mais antiga de produção de vinhos havia vindo de cerâmicas das Cordilheiras de Zagros, no Irã, datadas de entre 5.400 a.C. e 5000 a.C..

“O álcool tinha um papel importante em sociedades no passado, assim como tem hoje”, disse o arqueólogo Stephen Batiuk, da Universidade de Toronto, um dos pesquisadores do estudo publicado na revista acadêmica Proceedings of the National Academy of Sciences.

“O vinho é central para a civilização como conhecemos hoje no Ocidente”, acrescentou Batiuk. “Como um remédio, lubrificante social, substância que altera a mente e commodity altamente valiosa, o vinho se tornou o foco de cultos religiosos, farmacopeias, culinárias, economias e sociedade no antigo Oriente Próximo.”

David Lordkipanidze, diretor do Museu Nacional Georgiano que ajudou a comandar a pesquisa, disse que grandes jarros chamados qvevri, similares aos usados na antiguidade, ainda são usados atualmente para produção de vinho na Geórgia.

Os pesquisadores realizaram análises bioquímicas para encontrar componentes residuais de vinhos que as cerâmicas haviam absorvido. O arqueólogo biomolecular da Universidade da Pensilvânia Patrick McGovern encontrou evidências de ácido tartárico, um indício de preparação envolvendo a uva euro-asiática, assim como três ácidos orgânicos associados: málico, succínico e cítrico.

A cerâmica foi encontrada em dois vilarejos neolíticos, no passado lar de talvez 60 pessoas cada, consistindo de pequenas casas de tijolos de barro. Os moradores colhiam trigo, criavam ovelhas, cabras e bovinos e usavam simples ferramentas feitas de ossos e obsidiana.

Os jarros cinzentos, alguns decorados com simples imagens de cachos de uvas e um homem dançando, tinham cerca de 80 centímetros de altura e 40 centímetros de largura. Evidências de vinho foram encontradas em oito jarros, sendo o mais velho de 5980 a.C.

“O vinho era provavelmente feito de forma similar ao tradicional método qvevri de hoje em dia na Geórgia, no qual as uvas são esmagadas e a fruta, caules e sementes são fermentados juntos”, disse Batiuk.

Este não é o indício mais antigo de uma bebida alcoólica. Evidências foram encontradas na China de uma mistura alcoólica fermentada de arroz, mel e frutas, de cerca de 7.000 a.C.

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A livraria mais bonita do mundo: Selexyz Dominicanen Boekhandel

A igreja Dominicana original foi construída em 1294, cerca de 80 anos após São Domingos ter formado a Ordem dos Pregadores. O fechamento é geralmente creditado a Napoleão Bonaparte. Seu exército fechou o edifício durante a invasão de 1794, apesar do respeito de Napoleão e seu carisma com a religião católica, forma de manter a ordem social. A igreja não caiu em ruínas, mas passou os próximos dois séculos abandonada e negligenciada.

A imponente igreja dominicana do século XII foi restaurada, resultando num contraste incrível entre a estrutura gótica externa e a decoração interior moderna, um charme para poucos.

Hoje, a estrutura tem uma estante de três andares completa, com passarelas, escadas e elevadores. O arranjo atual foi projetado pelo escritório de arquitetura Amsterdam Merkx + Girod que ganhou o Lensvelt de Architect Interior Prize em 2007, por seu trabalho. O pessoal da Merkx + Girod escolheu estantes de aço preto e mobiliário moderno (incluindo uma mesa de leitura em forma de cruz), combinando com a abóbada da igreja, arcos ornamentados e afrescos decorativos.

Se na idade média a igreja foi o abrigo do conhecimento – sim, oprimiu pensadores independentes, mas mesmo assim abrigou alguns grandes pensadores – agora o templo localizado em Masstricht volta a ser local onde se tem aceso à cultura.

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Pierre Bergé: “Yves Saint Laurent se aposentou e morreu na hora certa”

MODA / POR SARAH LEE
Pierre Bergé: “Yves Saint Laurent se aposentou e morreu na hora certa”
Pierre Bergé fotografado pelo TheTalks.com ©Reprodução
A revista online The Talks publicou uma ótima entrevista com Pierre Bergé, em que o sócio e companheiro de longa data de Yves Saint Laurent (1936 – 2008) fala sobre a vida e o trabalho do estilista, que ele define como “artista” e como um dos designers de moda mais importantes do século 20 — “Chanel deu liberdade às mulheres; eu acho que Saint Laurent lhes deu poder”, ele afirma. A entrevista é extensa, mas vale a pena ler para ter um acesso muito particular a temas como a bem-sucedida dinâmica de trabalho Bergé-Laurent, a evolução da moda, e a genialidade e inquietude de Saint Laurent. Confira o texto traduzido na íntegra:
Sr. Bergé, é verdade que o senhor conheceu Yves Saint Laurent pela primeira vez no funeral de Christian Dior, em 1957?
Bem, você pode nos ver em uma foto que mostra os convidados de luto, mas na verdade eu o conheci no dia 3 de fevereiro de 1958, durante um jantar organizado por Marie-Louise Bousquet. Eu fui parabeniza-lo alguns dias depois que sua primeira coleção na Dior foi apresentada. Seis meses depois estávamos morando juntos.
E o que foi marcante para o senhor a respeito desse encontro?
Eu não sabia muito sobre moda na época. Eu era um amigo muito próximo de Christian e de alguns outros mestres da alta-costura como Balenciaga, mas para mim, moda não era arte. Aos meus olhos, era só algo para ganhar dinheiro. Mas na manhã desse primeiro desfile dele na Dior, entendi que uma coisa havia acontecido comigo. Percebi que eu era estúpido. Eu amei o que vi e simplesmente soube que Yves Saint Laurent seria um grande designer de moda.
Depois que Yves Saint Laurent foi demitido da Dior por causa do serviço militar na Argélia, o senhor fundou a grife homônima com ele e atuou como o CEO por mais de 40 anos, uma parceria muito longa e bem-sucedida.
Tínhamos um Muro de Berlim entre nós. Eu nunca interferi em seu design criativo por motivos comerciais, e ele nunca veio falar comigo sobre dinheiro. Nenhuma vez.
O dinheiro não era importante para Yves Saint Laurent?
Não. Porque ele confiava em mim e também, claro, porque ele sabia que tinha dinheiro. Mas ele nunca sabia quanto ele tinha. Nunca. Dinheiro para ele era uma coisa estranha.
Talvez esse tenha sido o motivo pelo qual vocês acabaram tendo uma incrível coleção de arte. Vocês podiam simplesmente comprar qualquer coisa que gostavam sem pensar duas vezes?
Bem, não era tão fácil, não no comecinho. Quando começamos nosso negócio, não tínhamos dinheiro, mas mais tarde o dinheiro não era tão valioso a ponto de não o gastarmos em arte. Tínhamos muito orgulho da coleção que criamos.
O senhor a vendeu no maior leilão privado da história por € 373.500.000 (pouco mais de 853 milhões de reais). Por que o senhor a vendeu se ela era tão importante para vocês dois?
Quando decidi vender a coleção depois que Yves morreu, não foi só uma decisão nostálgica, mas também uma decisão monetária. Mas o dinheiro não era para mim. Como você deve saber, nós temos uma fundação [a Fondation Pierre Bergé – Yves Saint Laurent] que precisa de dinheiro e uma grande parte dessa venda foi para a fundação. Eu sou envolvido com muitas, muitas empreitadas, como a luta contra a AIDS, o apoio a teatros, e muitas outras coisas. Decidi vender a coleção principalmente por essa razão – para ter dinheiro para esses fins.
[O “leilão do século”, como o evento ficou conhecido, foi o ponto de partida para o documentário “L’Amour Fou” (2011), que durante o processo de produção acabou mudando o seu foco para um retrato intimista da relação entre Yves Saint Laurent e Pierre Bergé. Assista ao trailer]:
O senhor estava com ele no momento em que ele morreu?
Claro. Eu tinha decidido ir a Montreal por um fim de semana para visitar uma exibição quando recebi uma ligação do médico. Ele disse que era uma questão de talvez uma ou duas semanas. Antes e depois isso, fiquei sentado ao lado dele.
Ele tinha câncer no cérebro. Yves Saint Laurent sabia que a morte dele estava se aproximando?
De maneira alguma. Ele nunca soube. O médico me disse que não havia mais nada a ser feito e nós mutuamente decidimos que seria melhor para ele que ele não soubesse. Sabe, eu tenho a crença de que Yves não teria sido forte o suficiente para aceitar isso.
Como o senhor se sentiu quando ele não estava mais lá?
É tão difícil e quase impossível de descrever. Mas você também pode ter sentido isso em sua vida: é muito diferente se uma pessoa falece de repente, em um acidente ou AVC, ou após uma longa doença. Eu estava meio que esperando e isso me ajudou a estar preparado para essa grande perda.
O senhor se sente triste por não trabalhar mais com moda? Sente falta do aspecto do negócio desde que se aposentou com Yves Saint Laurent?
Não. Provavelmente porque a indústria da moda não é exatamente a mesma do passado. Eu não sou nostálgico – eu odeio nostalgia – mas estou feliz por não trabalhar nos negócios da moda hoje. Sinto muito te dizer isso, mas não é muito fácil trabalhar com revistas de moda agora.
Por quê?
Com Yves Saint Laurent, nós nunca falávamos de dinheiro, nunca relacionamos capas com publicidade, nunca conversávamos sobre isso. Nunca. Deixe-me dizer uma coisa: nós abrimos a Couture House em 1962, e em 1963 já estávamos em capas, com páginas internas inteiras. Você acha que isso é possível hoje? Mesmo com um novo Saint Laurent?
Será que Yves Saint Laurent odiaria a indústria da moda de hoje?
Claro! Yves se aposentou na hora certa e ele morreu na hora certa. Sinto muito te dizer isso, mas para mim é muito difícil entender o que aconteceu com os negócios da moda. É tudo uma questão de dinheiro e marketing. Nós nunca conversamos sobre talento – não é esse o ponto. Só falamos de vendas. Yves Saint Laurent teria odiado isso.
Qual o senhor diria que foi a maior conquista dele na moda? Especialmente nos anos 1960, Yves Saint Laurent e toda a empresa em torno dele realmente apontaram para uma nova direção.
Saint Laurent é, juntamente com Chanel, o designer de moda mais importante do século 20. Era uma época diferente de designers, uma época de grandes intelectuais. Eu já vi vestidos maravilhosos do Balenciaga e Christian Dior – mas a diferença entre aqueles designers de moda e Chanel e Saint Laurent é que eles permaneceram no campo estético. Saint Laurent e Chanel foram para o campo social – eles mudaram a vida de mulheres ao redor do mundo.
Por causa do que exatamente?
Chanel deu liberdade às mulheres; eu acho que Saint Laurent lhes deu poder. Podemos ver isso hoje, todos os dias.
Yves Saint Laurent e Pierre Bergé em dois momentos de sua longa parceria ©Reprodução
Todos o consideravam um gênio e ele se tornou cada vez mais intenso em sua maneira de trabalhar e viver. Por que o senhor acha que ele se viciou em drogas e álcool em meados dos anos 1970?
É muito difícil responder o que levou a esse vício. Mas tenho que admitir que Yves criou coleções maravilhosas usando drogas e álcool. Isso dificultou muito que ele parasse.
Ele estava sempre criando?
Sempre. Ele não prestava muita atenção em nada mais – ou ninguém mais. Marcel Proust explicou isso muito bem: ele disse que se você é um gênio, você está ocupado consigo mesmo – e é verdade. Voilà.
Yves Saint Laurent era frequentemente descrito como uma pessoa deprimida, e até em seu discurso de aposentadoria ele disse: “Eu passei por muitas angústias, muitos infernos; conheci o medo e uma solidão tremenda; os amigos enganadores que são os tranquilizantes e narcóticos; a prisão que pode ser a depressão e as clínicas de saúde mental”. Mas Yves Saint Laurent não foi uma pessoa que conquistou tudo? O que poderia faze-lo tão triste?
Acho que ele nasceu com depressão. E mais tarde ele sofreu com a fama porque percebeu que ela não lhe trouxe nada.
O senhor chamaria Yves Saint Laurent — aquele gênio admirado por tantos milhões — de uma pessoa trágica, no fim das contas?
Saint Laurent era um artista. E um artista sempre joga com sua realidade interna. Você tem que conhecer as regras do jogo — e eu conseguia lidar com isso muito bem. Tivemos muitos momentos felizes.
Quando ele era mais feliz?
Ele podia ser hilário entre amigos. Mas acho que ele ficava em seu estado mais feliz quando terminava uma coleção e recebia os aplausos e as ovações em pé. Depois disso a missão dele estava terminada. Era como um fogo de artifício — e então começava tudo de novo.

Academia Brasileira de Letras.

História

Fundação

A iniciativa foi tomada por Lúcio de Mendonça, concretizada em reuniões preparatórias que se iniciaram em 15 de dezembro de 1896 sob a presidência de Machado de Assis (eleito por aclamação) na redação da Revista Brasileira. Nessas reuniões, foram aprovados os estatutos da Academia Brasileira de Letras a 28 de janeiro de 1897, compondo-se o seu quadro de quarenta membros fundadores. A 20 de julho desse ano, era realizada a sessão inaugural, nas instalações do Pedagogium, prédio fronteiro ao Passeio Público, no centro do Rio.

Sem possuir sede própria nem recursos financeiros, as reuniões da Academia eram realizadas nas dependências do antigo Ginásio Nacional, no Salão Nobre do Ministério do Interior, no salão do Real Gabinete Português de Leitura, sobretudo para as sessões solenes. As sessões comuns sucediam-se no escritório de advocacia do Primeiro Secretário, Rodrigo Octávio, à rua da Quitanda, 47.

A partir de 1904, a Academia obteve a ala esquerda do Silogeu Brasileiro, um prédio governamental que abrigava outras instituições culturais, onde se manteve até a conquista da sua sede própria.

Petit Trianon

O Petit Trianon.

Em 1923, graças à iniciativa de seu presidente à época, Afrânio Peixoto e do então embaixador da França, Raymond Conty, o governo francês doou à Academia o prédio do Pavilhão Francês, edificado para a Exposição do Centenário da Independência do Brasil, uma réplica do Petit Trianon de Versalhes, erguido pelo arquiteto Ange-Jacques Gabriel, entre 1762 e 1768.

A 22 de Setembro de 1941 foi agraciada com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada de Portugal e a 26 de Novembro de 1987 foi feita Membro-Honorário da mesma Ordem de Portugal.

Essas instalações encontram-se tombadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, desde 9 de novembro de 1987. Os seus salões funcionam até aos dias de hoje abrigando as reuniões regulares, as sessões solenes comemorativas, as sessões de posse dos novos acadêmicos, assim como para o tradicional chá das quintas-feiras. Podem ser conhecidas pelo público em visitas guiadas ou em programas culturais como concertos de música de câmara, lançamento de livros dos membros, ciclos de conferências e peças de teatro.

Petit Trianon, sede da ABL no Rio de Janeiro

No primeiro pavimento do edifício, no Saguão, destaca-se o piso de mármore decorado, um lustre de cristal francês, um grande vaso branco de porcelana de Sèvres e quatro baixos-relevos em pedra de coade ingleses. Entre as demais dependências, ressaltam-se:

No segundo pavimento encontra-se a Sala de Chá, onde os acadêmicos se encontram, às quintas-feiras, antes da Sessão Plenária, a Sala de Sessões e a Biblioteca. Esta última atende aos acadêmicos e a pesquisadores, com destaque para a coleção de Manuel Bandeira.

Espaço Machado de Assis

No segundo pavimento do Centro Cultural da Academia Brasileira de Letras encontra-se o Espaço Machado de Assis, que abriga o Núcleo de Informação e Referência sobre a obra de Machado de Assis, a Galeria de Exposições e a Sala de Projeções, onde se podem assistir filmes e vídeos relativos ao universo machadiano.

Revista da academia

Uma edição da Revista Brasileira exposta numa biblioteca municipal.

Em 1910 a instituição lança seu periódico oficial, a Revista da Academia Brasileira de Letras, posteriormente a instituição encampa a tradicional Revista Brasileira, para resgatar e dá prosseguimento ao períódico, que assim passa – em 1941 – por sugestão de Levi Carneiro[10], a ser a revista da Casa de Machado de Assis[11].

Características

A Academia tem por fim, segundo os seus estatutos, a “cultura da língua nacional”, sendo composta por quarenta membros efetivos e perpétuos, conhecidos como “imortais”, escolhidos entre os cidadãos brasileiros que tenham publicado obras de reconhecido mérito ou livros de valor literário, e vinte sócios correspondentes estrangeiros.

À semelhança da Academia francesa, o cargo de “imortal” é vitalício, o que é expresso pelo lema “Ad immortalitem”, e a sucessão dá-se apenas pela morte do ocupante da cadeira. Formalizadas as candidaturas, os acadêmicos, em sessão ordinária, manifestam a vontade de receber o novo confrade, através do voto secreto.

Os eleitos tomam posse em sessão solene, nas quais todos os membros vestem o fardão da Academia, de cor verde-escura com bordados de ouro que representam os louros, complementado por chapéu de veludo preto com plumas brancas. Nesse momento, o novo membro pronuncia um discurso, onde tradicionalmente se evoca o seu antecessor e os demais ocupantes da cadeira para a qual foi eleito. Em seguida, assina o livro de posse e recebe das mãos de dois outros imortais o colar e o diploma; a espada é entregue pelo decano, o acadêmico mais antigo. A cerimônia prossegue com um discurso de recepção, proferido por um confrade, referindo os méritos do novo membro.

Instituição tradicionalmente masculina, a partir de 4 de novembro de 1977, aceitou como membro Rachel de Queiroz, para quem foi desenhada uma versão feminina do tradicional fardão: um vestido longo de crepe francês verde-escuro, com folhas de louro bordadas em fio de ouro.

Presidentes da ABL

O primeiro presidente da ABL foi Machado de Assis, eleito por aclamação e também seu “presidente perpétuo”. Durante quase 34 anos consecutivos, Austregésilo de Athayde presidiu o Silogeu (1959-1993), imprimindo, na sua gestão, um caráter de vitaliciedade ao cargo que fugia aos princípios originais – e que foi abandonado por seus sucessores.

Ana Maria Machado, foi eleita para presidir a academia no biênio 2012/2013. Foi a segunda mulher a ocupar o cargo. Sucedida por Geraldo Holanda Cavalcanti.

Membros

De pé: Rodolfo Amoedo, Artur Azevedo, Inglês de Sousa, Bilac, Veríssimo, Bandeira, Filinto de Almeida, Passos, Magalhães, Bernardelli, Rodrigo Octavio, Peixoto; sentados: João Ribeiro, Machado, Lúcio de Mendonça e Silva Ramos.

No quadro atual da Academia, o mais antigo dos Imortais é José Sarney, eleito em 17 de julho de 1980, e o mais novo é Zuenir Ventura, eleito para a cadeira de número 32 em 6 de março de 2015. O membro mais idoso é a professora Cleonice Berardinelli de 100 anos.

Patronos das cadeiras

Para cada uma das quarenta cadeiras, os fundadores escolheram os respectivos patronos, homenageando personalidades que marcaram as letras e a cultura brasileira, antes da fundação da Academia.

Foi uma inovação. A Academia Francesa, que servira de modelo, instituíra as cadeiras, mas atendendo apenas a uma numeração de um até quarenta. A escolha desses patronos deu-se de forma um tanto aleatória, com sugestões sendo feitas pelos próprios imortais.

Historiando esta escolha, em discurso proferido na casa, no ano de 1923, Afrânio Peixoto (que dela foi presidente), deixou registrado:

Sócios correspondentes

No quadro atual da Academia, o mais antigo dos sócios correspondentes é José Carlos de Vasconcelos, eleito em 1981, e o mais novo é Didier Lamaison, eleito em 2009.

Críticas

A Academia Brasileira de Letras já foi criticada por nunca ter se aberto para aclamados escritores da literatura brasileira, tais como Lima Barreto, Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, Erico Verissimo, Mário Quintana e Paulo Leminski, bem como por ter tornado “imortais” políticos como Getúlio Vargas, José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, ex-presidentes da República; o senador pernambucano Marco Maciel, ex-vice presidente da República; o político catarinense Lauro Müller; o médico Ivo Pitanguy, cirurgião plástico; o inventor Santos Dumont, que apesar de suas grandes contribuições científicas, não se dedicava à produção literária; Assis Chateaubriand, magnata das comunicações no Brasil entre o final dos anos 1930 e início dos anos 1960; Roberto Marinho, fundador do maior império de mídia do país; Merval Pereira, jornalista colaborador da Rede Globo; e Paulo Coelho.

Também não participaram da Academia os escritores Jorge de Lima e Gerardo Melo Mourão, indicados ao Prêmio Nobel de Literatura. António Cândido de Mello e Sousa, Autran Dourado, Rubem Fonseca e Dalton Trevisan, vencedores do Prêmio Camões, são outros nomes importantes que não figuram entre os membros da instituição.

O mérito dos patronos das cadeiras também é bastante debatido, conforme pode ser visto no trecho do discurso proferido por Afrânio Peixoto, registrado acima.

O jornalista Fernando Jorge em “A Academia do Fardão e da Confusão: a Academia Brasileira de Letras e os seus ‘Imortais’ mortais” critica a eleição de “personalidades” para a ABL, ou seja, pessoas influentes na sociedade, mas cuja principal ocupação não era a literatura e que, muitas vezes, produziam materiais apenas para que pudessem ser eleitos, nunca mais voltando a produzir qualquer obra de valor literário. O pesquisador também critica o processo eleitoral, pois este não seria feito com base nos méritos literários dos candidatos.

Jorge também afirma que a Academia também não empreende projetos em favor da cultura da língua portuguesa, apesar de dispor de capital para, por exemplo, relançar edições esgotadas e promover campanhas de alfabetização e incentivo a leitura. Além disso, para o escritor, a instituição permaneceu calada diante das pesadas censuras do Governo Vargas e do Regime Militar brasileiro.

Fonte: Wikipédia.

Parlamento do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte Parliament of the United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland

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O Parlamento do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte é o corpo legislativo supremo do Reino Unido e territórios britânicos ultramarinos. Por si só tem soberania parlamentar, o que lhe confere poder soberano sobre todos os outros corpos políticos do Reino Unido e seus territórios. É encabeçado pelo monarca do reino (atualmente a rainha Isabel II do Reino Unido).

O parlamento é composto por duas câmaras, sendo a câmara alta denominada por Casa ou Câmara dos Lordes, e a câmara baixa, por Casa ou Câmara dos Comuns do Reino Unido. O Monarca é o terceiro componente do parlamento.

As duas câmaras se reúnem no Palácio de Westminster em Londres. Por ato constitucional todos os ministros do governo, incluindo o Primeiro-ministro, são membros da Câmara dos Comuns ou da Câmara dos Lordes. E assim também fazem parte do corpo legislativo.

O Parlamento do Reino Unido foi formado em 1707, após a ratificação do Tratado de União quando o Parlamento da Inglaterra e o Parlamento da Escócia passaram a ser um único parlamento. O parlamento cresceu ainda mais após o Ato de União de 1800 quando o Parlamento Irlandês foi adicionado ao recém criado Parlamento da Grã-Bretanha, .

O Parlamento da Inglaterra por si só tem evoluído desde a Idade Média sendo o maior órgão legislativo do mundo anglófono e fazendo com que a Inglaterra seja intitulada “The Mother of Parliaments” (A Mãe dos Parlamentos). A casa mais poderosa do parlamento é a Casa dos Comuns.

Durante a Idade Média e até o início da Idade Moderna a região da Grã-Bretanha possuía quatro reinos distintos e cada um com seus respectivos parlamentos. Os Atos das Leis em Gales 1535-1542 anexaram o País de Gales à Inglaterra, o Tratado de União de 1707 criou o Reino Unido da Grã-Bretanha e o Ato de União de 1800 criou o atual Reino Unido.

O parlamento inglês teve origem após a província romana da Britânia. Em 1066, Guilherme I de Inglaterra trouxe para a Inglaterra um sistema feudal no qual era necessário um conselho para avaliar as leis que seriam instituídas. Em 1215, o Conselho já mostrava o seu poder obrigando o Rei João a assinar a Magna Carta, limitando assim o poder dos monarcas.

O atual parlamento teve origem em 1200 durante o reinado de Eduardo I de Inglaterra, neto de João, que convocou o parlamento várias vezes junto aos religiosos e burgueses com o objetivo de delimitar as respectivas leis.

Composição

Os dois elementos chave na política do Reino Unido são a Coroa do Reino Unido e o próprio parlamento. Os membros do parlamento, composto por duas câmaras, não podem fazer parte das duas casas ou trocar de câmara arbitrariamente. Como cargo histórico, a Coroa ainda é muito poderosa e exerce poder sobre todas as outras câmaras e partidos podendo até dissolver as câmaras, criar novos tratados, declarar guerras ou nomear os presidentes das câmaras. O monarca também escolhe o primeiro-ministro, que em seguida terá poder sobre as câmaras.

Os Lordes Espirituais eram os clérigos que representavam a Igreja da Inglaterra, mas foram dissolvidos durante o reinado de Henrique VIII de Inglaterra. Todos os bispos diocesanos continuaram com lugar no parlamento, mas um novo tratado determinou que apenas 26 bispos ocupariam lugar no parlamento, estes são o Arcebispo da Cantuária, o Arcebispo de York, o Bispo de Londres, o Bispo de Durham e o Bispo de Winchester. Os outros 21 Lordes Espirituais são os mais altos bispos diocesanos, classificados por ordem de consagração.

Os Lordes Temporais são todos membros da nobreza e eram hereditários. Os direitos de lugares hereditários no parlamento tem origem em 1707. Dos cargos hereditários apenas 92 mantém seus lugares no parlamento.

Todas as leis que fazem parte da Constituição do Reino Unido devem ser aprovadas pelo parlamento.

Funções

As leis sancionadas pelo parlamento britânico são válidas em todo o Reino Unido, porém algumas leis não são no território da Escócia devido a um acordo político ratificado em 1999 no qual é bem claro que a Escócia possui uma legislatura particular, o Parlamento Escocês. Embora qualquer lei do parlamento escocês possa ser anulada pelo parlamento britânico, elas tem de ser ratificadas para o povo escocês como uma forma de validação da Constituição da Escócia.

Além das funções legislativas, o parlamento também exerce funções judiciárias. O monarca constitui o mais alto juiz, mas o Privy Council também exerce poder sobre algumas jurisdições.

Algumas outras funções jurisdicionais tem sido realizadas pela Câmara dos Lordes. No caso de impeachment por parte dos membros, a Câmara dos Comuns basicamente inicia a ação judicial e a Câmara dos Lordes julga com todo um conselho jurídico.

De acordo com os juristas, o parlamento tem soberania em todo o território do Reino Unido e poder para extinguir leis, ampliá-las ou reduzi-las. O poder parlamentar do Reino Unido frequentemente é controlado na Constituição do Reino Unido.

Procedimentos

Diagrama de funcionamento do processo legislativo no Parlamento do Reino Unido.

  • Number-1 (dark green).png Primeira Leitura – Não ocorre votação, o projeto de lei é apresentado, impresso e é marcada a data da Segunda Leitura.
  • Number-2 (dark green).png Segunda Leitura – Debate dos princípios gerais do projeto de lei seguido por uma votação.
    • Fase das Comissões – As comissões analisam cada artigo do projeto de lei
    • Fase dos Relatórios – Oportunidade para propor emendas ao projeto de lei
  • Number-3 (dark green).png Terceira Leitura – Debate e votação do texto final a ser entregue a Câmara dos Lordes.
  • NYCS-bull-trans-1.svg Primeira Leitura – Mesmos procedimentos
    • Fase das Comissões – Mesmos procedimentos
    • Fase dos Relatórios – Mesmos procedimentos
  • NYCS-bull-trans-2.svg Segunda Leitura – Mesmos procedimentos
  • NYCS-bull-trans-3.svgTerceira Leitura – Mesmos procedimentos
  • Passagem – O projeto de lei retorna à primeira Câmara.
  • Exame minuncioso para considerar todas as emendas
  • O texto é processado para o Consentimento Real, se aprovado, vira lei.

Escola Superior de Guerra: de segurança nacional para políticas públicas e estratégias de defesa – formei-me em 1.997.

 

Na Escola Superior de Guerra, militares e civis debatem políticas públicas e estratégias, em especial aquelas voltadas para a defesa nacional
(Foto: Élio Sales/Ministério da Defesa)

Dos centros de excelência em inteligência de defesa do país, a Escola Superior de Guerra (ESG) é, de longe, a que tem a trajetória mais polêmica. Fundada em 1949, ainda sob o forte impacto do final da 2ª Guerra Mundial e a emergência do conflito entre capitalismo e comunismo, a ESG teve suas primeiras décadas de existência marcadas pelo estigma de ser um centro formador do pensamento conservador e de direita no país. Seu nome ficou associado à criação da doutrina de segurança nacional, usada como justificativa pelo regime militar de 1964 para a repressão aos movimentos de esquerda.


Quatro principais instituições de estudo sobre defesa no país:

• Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme)
• Escola Superior de Guerra (ESG)
• Escola de Guerra Naval (EGN)
• Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáutica (Ecemar)


“Durante dez anos (1954-1964), a ESG desenvolveu a teoria para intervenção no processo político nacional e, após 1964, passou a funcionar também como formadora de quadros para ocupar funções superiores no governo, formulando estrutura de poder e controle social materializada na publicação do Ato Institucional 1 (9 de abril de 1964), que estabeleceu eleições indiretas para presidente da República, com amplos poderes”, escreveu Maria Helena de Amorim Wesley, antropóloga e ex-aluna da Escola Superior de Guerra.

Na sua tese A Reformulação da Doutrina de Segurança Nacional pela Escola Superior de Guerra no Brasil: a geopolítica de Golbery do Couto e Silva, a mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Ananda Simões Fernandes recorda que a doutrina de segurança nacional, difundida pelos Estados Unidos, foi adaptada pela ESG e ensinada aos oficiais brasileiros nos anos 1950, com ênfase em elementos mais pertinentes à realidade brasileira, “como foi a maior importância dada à guerra revolucionária, difundida por franceses e ingleses, em relação à guerra total”.

Hoje, diz Maria Helena Wesley, a Escola Superior de Guerra passa por “transformações radicais requeridas pelo cenário mundial, enfrentando o desgaste da imagem das Forças Armadas, responsável em parte pelo prejuízo do reaparelhamento e desenvolvimento tecnológico militar e de uma revisão efetiva da Política de Defesa Nacional (PDN)”.

A Escola Superior de Guerra funciona hoje como centro de estudos e pesquisas, a ela competindo planejar, coordenar e desenvolver os cursos que forem instituídos pelo Ministério da Defesa, a quem é subordinada. A escola não desempenha função de formulação ou de execução da política de defesa do país nem está a serviço desta ou daquela ideologia. Como esclarece a página da instituição na internet, “seus trabalhos são de natureza exclusivamente acadêmica, sendo um foro democrático e aberto ao livre debate”.

Um de seus cursos mais procurados, o Curso Superior de Política e Estratégia da Escola Superior de Guerra, aberto aos civis do alto nível  e da administração pública, e também a militares das Forças Armadas, discute elementos para a macroanálise dos cenários nacional e internacional, de modo a possibilitar a avaliação de políticas e estratégias, em especial na área da defesa nacional.

Sou formada desde 1.997.

Escola Superior de Guerra: 67 anos dedicados ao pensamento sobre Defesa no Brasil

Foi no ambiente de instabilidade geopolítica característico do pós II Guerra Mundial, com a rivalidade entre potências alimentando a possibilidade de um conflito nuclear, que militares brasileiros atentaram para o fato de que o país ainda carecia uma estrutura de proteção estratégica robusta. Mais do que isso, o Brasil ainda não conseguia tratar dos temas de Defesa de uma forma sistematizada, de modo a influenciar a maneira como a sociedade pensava sobre temas como soberania nacional e integridade territorial.

A partir desta constatação, brasileiros como o marechal Salvador César Obino, que, após a II Guerra, estudou no National War College, nos Estados Unidos, voltaram pra casa com um único proposito: transformar o Brasil num país forte e moderno, capaz de proteger sua soberania, suas riquezas e o seu povo.

Nesse contexto, em 1949, nascia a Escola Superior de Guerra (ESG), que neste dia 20 de agosto completa 67 anos de existência. Muito mais do que militares treinados para combate, armas e equipamentos, a escola surgiu com a missão de reunir a elite pensante do país e convidá-la a desenvolver um método de planejamento próprio, capaz de transformar o país numa grande potência. “A Escola surgiu da necessidade de um planejamento, de uma estrutura. O Brasil precisava ser forte em todos os aspectos: econômico, psicossocial, capacidade de gestão, de movimentar recursos”, explica o almirante Leal Ferreira, atual comandante da ESG.

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O almirante assegura que esse mesmo compromisso com o país continua a nortear a política educacional da ESG. Desde 1951, além de militares, tem como alunos civis da administração pública e convidados especiais a participar dos cursos oferecidos. As atividades de estudo da ESG estimulam a troca de experiências entre profissionais de diversas áreas, com amplo espaço para o contraditório.

“Além de pessoas que passam a compreender o real valor do Brasil, a ESG forma pessoas que, ao voltar ao seu local de origem, conseguem aplicar o que foi aprendido em seu dia a dia, nas tomadas de decisão”, explica.

A ESG atualmente oferece mais de 12 cursos nas mais diversas áreas (abaixo), todas voltadas à gestão estratégica. São destaque, entre eles, o Curso Avançado de Defesa Sul-Americano (CAD-SUL), voltado à cooperação regional, e o Curso de Gestão de Recursos de Defesa (CGERD), com foco no fortalecimento da indústria nacional de defesa. O Campus ESG Brasília ocupa provisoriamente instalações do Ministério da Defesa, já o campus ESG Rio de Janeiro está localizado nas tradicionais e históricas instalações da fortaleza de São João na Urca, local em que Estácio de Sá fundou a cidade e iniciou o domínio português sobre a baía de Guanabara.

Campus Rio de Janeiro

Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia
Curso de Estado Maior Conjunto
Curso Superior de Inteligência Estratégica
Curso de Logística e Mobilização Nacional
Curso de Gestão e Recursos de Defesa
Curso Avançado de Defesa
Curso Superior de Defesa

Campus Brasília

Curso de Direito Internacional dos Conflitos Armados
Curso Superior de Política e Estratégia
Estágio em Assuntos de Defesa

FONTE: Assessoria de Comunicação
Ministério da Defesa

O séjour de D. Pedro I em Paris e a imprensa francesa: familiaridade e exotismo

The séjour of D. Pedro I in Paris and the French press: familiarity and exoticism

Isabel Lustosa

Doutora em Ciência Política e Pesquisadora Titular em História da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. A pesquisa que resultou neste artigo foi desenvolvida no âmbito da Chaire Sergio Buarque de Holanda, Maison des Sciences de l’Homme, Paris, durante o primeiro semestre de 2012. Este trabalho também está vinculado ao Projeto “A circulação transatlântica dos impressos” coordenado por Márcia Abreu e Jean-Yves Mollier: 

RESUMO

A imagem de d. Pedro I na imprensa francesa, durante o período em que viveu em Paris (de agosto de 1831 a janeiro de 1832), foi fundamental para o sucesso que ele alcançou na busca de apoios para a expedição com que retomaria a coroa de D. Maria II usurpada por D. Miguel. Graças ao empenho de estudiosos do Brasil, já circulava na Europa um considerável volume de informações sobre o país. Ao caráter liberal que d. Pedro dera ao modelo político brasileiro que lhe garantiria o apoio dos liberais franceses, juntavam-se aspectos míticos de sua trajetória e do país onde vivera. A familiaridade com que d. Pedro tratava a todos, nobres e plebeus, também seria um fator importante para a conquista de adesões à causa de d. Maria.


ABSTRACT

The image of d. Pedro I in the French press during the period he lived in Paris (August 1831 to January 1832) was essential to the success he has achieved in seeking support for the expedition to retake the crown with D. D. Maria II usurped by Miguel. Thanks to the efforts of scholars from Brazil, a considerable amount of information about the country has already circulated in Europe. To the liberal character who d. Pedro gave the Brazilian political model that would guarantee the support of the French Liberals, joined mythical aspects of his career and the country where he lived. The familiarity with d. Pedro attended all, nobles and commoners would also be an important factor for achieving membership to the cause of d. Maria.

Notícias do Brasil

A notícia da abdicação de d. Pedro I ao trono do Brasil em 1831 causou certo impacto na França. O ex-imperador e sua mulher, D. Amélia, desembarcaram às quatro da tarde do dia 10 de junho de 1831, no porto de Cherbourg, na Normandia. Alguns dias depois, a informação aparecia nos principais jornais franceses: Le Moniteur, Le Temps, Le National, Le Constitutionnel, La Gazette de France, etc. Apesar da queda de d. Pedro I ter se dado em um contexto em que as monarquias européias estavam sofrendo um abalo sísmico quase tão fatal como o que fora provocado pela Revolução Francesa, agravado pela sedimentação dos valores, idéias e ideais difundidos desde o século XVIII, o tom das notícias publicadas era o da incredulidade diante de um fato considerado inédito, fantástico e inesperado.

Em Cherbourg, D. Pedro recebeu todas as honras devidas a um monarca no poder. Os marinheiros ingleses da fragata Volage, que o trouxera, vestindo seus uniformes de gala, deram-lhe nove vivas, ao tempo em que a fragata e todas as fortalezas de terra o saudaram com uma salva de 21 tiros de canhão. Nos discursos de boas-vindas, ele foi saudado como um defensor da liberdade, um doador de constituições. Cinco mil homens da Guarda Nacional perfilaram-se para que ele os inspecionasse. A prefeitura da cidade ofereceu-lhe um palácio para que ele e sua corte pudessem se instalar. D. Pedro faria de Cherbourg sua primeira base na Europa, convidando seus fiéis amigos, Antônio Teles da Silva, o Marques de Resende, e Francisco Gomes, o famoso Chalaça, para com ele ali se reunirem.

O Brasil era muito longe mas já havia se difundindo na Europa um considerável volume de informações sobre o país. Isto se devia, em grande parte, aos relatos de tantos cientistas, diplomatas, comerciantes e viajantes estrangeiros que, desde 1808, com a chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro foram autorizados a visitar o país. Graças à publicação de seus relatos, o Brasil e sua realidade tinham se tornado razoavelmente conhecidos. Sabia-se do predomínio da cultura e dos hábitos dos portugueses sobre os de nativos e africanos escravizados. Sabia-se que a maior parte de sua elite era composta de comerciantes e de fazendeiros incultos, mas que parte dela se educara na Europa e estava atualizada sobre os avanços culturais, econômicos e políticos do Ocidente. Era, portanto, fato conhecido que, no Brasil, a elite seguia as tradições européias e a cultura do povo era mestiça tal como sua composição étnica.

Responsáveis, em parte, por essa divulgação do Brasil na França foram Ferdinand Denis (1798-1890) e Eugene Garay de Monglave (1796-1873). O primeiro, que viveu no Brasil entre 1816 e 1821, publicou em 1822, junto com Hippolyte Taunay “Le Brésil, ou Histoire, mœurs, usages et coutumes des habitants de ce royaume”, obra em seis volumes depois condensada em “Résumé de l’Histoire du Brésil, suivi du Résumé de l’Histoire de la Guyane” (Paris: Lecointe & Durey, 1825). Na Revue de deux mondes, publicou vários estudos sobre o Brasil. Eugène Garay de Monglave também viveu no Brasil durante o reinado de D. Pedro I, de quem se tornou amigo, traduzindo a correspondência dele com o pai, D. João VI. Era uma personalidade conhecida nos meios cultos europeus e, em 1833, foi um dos fundadores do Institut Historique de Paris, do qual foi secretário perpétuo. Monglave traduziu Mariliade Dirceu, (1825), de Tomás Antônio Gonzaga e o poema épico Caramuru, (1829), de Frei Santa Rita Durão. Tanto Denis quanto Monglave dariam seu apoio a D. Pedro e à causa de d. Maria II.

A imprensa parisiense contribuiria para tornar a realidade brasileira mais conhecida do público francês pela freqüente publicação de resenhas de livros de viajantes europeus sobre o Brasil. Em 15 de abril de 1830, a Gazette litteraire, número 20, publicaria um trecho da obra do Reverendo Walsh, Notices of brasil in 1828 e 1829, que acabara de ser lançada em Londres. O capítulo escolhido foi o intitulado “État de la presse periodique dans le Brésil” que informa com detalhes e perfeita fidelidade a situação da imprensa brasileira, sua diversidade e vitalidade. Um dos livros resenhados pela Gazette em seu numero 30, de 24 de junho de 1830, foi Le Rio de Janeiro tel qu’il est: 1824-1826, do alemão Schlichthorst, um relato colorido, vivo e bastante minucioso da vida na capital do Brasil. A obra mais importante e que recebeu uma longa resenha naquele jornal foi Voyage au Brèsil, de Spix e Martius, contemplada no número 41, em 16 de setembro de 1830.

Em 1831, ano da chegada de d. Pedro na França, a Revue de deux mondes (tomo primeiro, janeiro/março, PP. 149/181) publicou longo artigo de Ferdinand Denis resumindo o conteúdo da obra de Auguste de Saint-Hilaire: Voyages dans l´Intérieur du Brésil. Segundo Camargo, além de se debruçar sobre a obra de Saint-Hilaire, Denis produziu ali um balanço historiográfico em que se “evidencia a progressão geral do discurso europeu/francês sobre o Brasil até 1830”. Ao realçar em seu artigo o impacto que a chegada da Corte Portuguesa teve para a transformação da realidade brasileira, Denis contribuiu para desviar o foco do homem-índio, direcionando-o para as formas que a civilização ocidental adquirira no Novo Mundo (CAMARGO).

Neste sentido foi igualmente importante, tanto para a divulgação da realidade do país quanto para a imagem de d. Pedro, o artigo publicado pelo próprio Saint-Hilaire sobre as últimas revoluções no Brasil (Tableau des dernières révolutions du Brèsil) na mesma revista e no mesmo ano (Revue de Deux Mondes, quarto volume, outubro de 1831). Ali Saint-Hilaire narra a história recente do Brasil, a partir da chegada de d. João VI, e traça um retrato muito favorável do ex-imperador. Também foi muito útil, naquele contexto em que os olhares estariam voltados para o que se passava no Brasil, a publicação de um memorial em francês sobre o que fora seu reinado e sobre as causas da Abdicação. Em 32 páginas, o texto, muito bem escrito e de grande clareza, demonstra de forma honesta o que foi o impasse que se criou entre d. Pedro e a elite brasileira.

L’Empereur Du Brésil, Don Pedro Ier, vient de débarquer sur nos cotes, apportant lui-même La nouvelle de La révolution qui l’a privé du trône. La renommé libérale de ce jeune prince justifie l’intérêt qui s’attache à sa fortune, et doit préparer un accueil favorable à cette Notice dont le sujet fait tout le prix.

Familiaridade bem brasileira

As primeiras matérias publicada por jornalistas franceses sobre a chegada de D. Pedro à França dedicam um bom espaço a descrever sua aparência e a de D. Amélia. Apesar da modéstia das vestimentas e da simplicidade de seus modos, tanto o aspecto físico do imperador quanto a da imperatriz deixaram uma boa impressão. D. Pedro foi descrito pelo Journal des débats, (24.06.1830) como um “fort bel homme” com a cor um pouco brasileira (le teint un peu brésilien). A conservadora La Mode, usa quase a mesma expressão para dizer que ele é “un fort beau Prince”, mas diz também que sua fisionomia seria um pouco menos regular do que a de seu irmão, D. Miguel.

A reportagem mais longa sobre a chegada de d. Pedro na França foi publicada pela Revue de Paris que, em matéria de três páginas, detalha o acontecimento. O repórter diz de sua surpresa ao chegar à cidade portuária de Cherbourg e tomar conhecimento do desembarque de d. Pedro.

No curso de uma viagem de prazer fui a Cherbourg. Imagine minha surpresa ao encontrar, chegados na véspera do Brasil, como despojos de uma Revolução, o primeiro monarca que a América envia ao exílio na nossa velha Europa.

Após explicar as circunstâncias da chegada do navio de d. Pedro, o narrador descreve os elementos da Corte que acompanhavam o casal: “dois camareiros, alguns oficiais da guarda, e quatro negros de libré com galões com as cores do Brasil”. Diz que as roupas dos recém-chegados, – “leurs modes européennes taillées à Rio-Janeiro” – se destacavam por seu ar estrangeiro e que a imperatriz usava uma capa de seda amarela, um pouco desbotada pelo sol e amarrotada pela viagem. Mesmo assim, o casal tinha um ar de serenidade e de “bienveillance”. O imperador parecia um homem honesto que, cansado da realeza, “se aposentava com a integridade de seus direitos e de sua honra”, diante do “temporal dessa mesma liberdade que ele fundou sob o céu tropical em um país ainda dominado por semibárbaros costumes”.

O narrador descreve a recepção oferecida por d. Pedro nos salões do palácio que lhe fora cedido pela prefeitura. “A reunião era simples, as homenagens eram oferecidas sem constrangimento e recebidas com cordialidade”. Diz que os convidados se sentaram em círculo, que a própria Imperatriz sentou-se ao piano para tocar e conclui: “Voilà ce qui succédait au gala d´une cour du midi, au baise-main de Rio-Janeiro”. O texto destaca ainda a forma como d. Pedro recebeu seu velho amigo, o marques de Rezende: abraçando-o com familiaridade. Simplicidade e familiaridade serão as marcas da cortesia das pessoas da família imperial: “Elles parlent familiérement à toutes les personnes”, diz o Journal des débats, (edição do dia 15 de junho de 1831). Familiaridade por vezes excessiva para os padrões franceses. Na mesma edição, conta-se que d. Pedro estabelecera tal intimidade com um dos pilotos da marinha francesa que encontrara no porto que chegara a lhe confidenciar que a imperatriz estava grávida.

A aparição de d. Pedro em Paris, no final de julho de 1831, portanto, fora antecedida de muitas notícias sobre sua pessoa e de especulações sobre o seu destino. A circulação do ex-imperador por algumas cidades francesas, a viagem à Inglaterra, as negociações que lá fez, etc., tudo foi noticiado. Assim, quando finalmente D. Pedro chegou a Paris na noite do dia 26 de julho para participar dos festejos pelo primeiro aniversário da Revolução de Julho, já havia um considerável volume de informações sobre ele e muito interesse por parte do público leitor de jornais.

A Abdicação coincidira com uma nova onda liberal que marcara a ascensão de Luís Filipe ao trono da França. No Brasil, essa onda estimulara os liberais a se livrarem do imperador que subira ao trono sob a bandeira liberal mas reinara com poderes de autocrata. Já para a Europa, d. Pedro era o campeão do constitucionalismo, o príncipe americano que construíra um império liberal, uma monarquia estável num país de dimensões continentais na selvagem e primitiva América do Sul. A imagem de d. Pedro como político moderno, constitucionalista também se engrandecia quando contrastada com a do irmão, que promovia em Portugal um reinado baseado no atraso, na superstição e na violência.O tratamento prestigioso que lhe deram Luis Felipe e seus ministros durante aquelas comemorações, foi ressaltado pela imprensa francesa. Para Luis Felipe, um monarca que tinha sido alçado ao trono há apenas um ano e graças ao apoio dos republicanos liderados por Lafayette, era importante associar sua imagem à de um príncipe de estilo tão democrático e que, por vir de um país exótico, despertava tanto interesse.

Segundo o Fígaro, durante o desfile do dia 27, à sua passagem, o povo saudava d. Pedro gritando: “viva o imperador”. À essa acolhida calorosa, ele teria respondido com aquela familiaridade que, nas ruas do Rio de Janeiro, usava para com seus súditos. Ao final do desfile, segundo o Jornal de Débats, D. Pedro em vez de entrar diretamente no Palais Royal, desceu do cavalo e se misturou com o povo. Um ajudante-de-ordens tentou protegê-lo do entusiasmo da multidão, mas ele não deixou. A revista La Mode, (1831, jul/set, 5ª edição, PP 113/114) em tom de crítica disse que d. Pedro ficara retido pelos curiosos com os quais o “grande monarca passou mais de vinte minutos em uma conversação muito familiar”. Alguns lhe perguntavam qual era sua idade, como se comportava d. Maria. Outro o interrogava sobre seus projetos relativos à conquista de Portugal. Alguém lhe perguntava se fazia mais calor no Brasil que no Palácio Real e, finalmente, se ele trouxera muito dinheiro. A tudo isto d. Pedro teria respondido da maneira mais satisfatória (la plus satisfaisante). Avessa ao espírito republicano e quase democrático adotado nos primeiros anos da Monarquia de Julho, La Mode ironiza as tentativas dos Orleans, a nova família real, de se fazerem populares adotando atitude igualitárias nas suas relações com o povo da rua.

Uma cena interessante, descrita pela revista, denota bem esse esforço da nova realeza. Segundo La mode, (1831, jul/set, 5ª edição, PP 113/114) depois da solenidade de 27 de julho no Panteon, o rei Luis Felipe teria sido visto, na rue de Vaugirard, aceitando um copo de água de coco de um homem do povo vestido em camisa (un homme du peuple en chemise), que ele bebeu com muito prazer. O filho do rei, o duque de Orléans, teria feito melhor (il y a mis moins de recherche): pegou a garrafa e bebeu diretamente da mesma. Essa cena, segundo a mesma revista, teria espantado até mesmo a D. Pedro, apesar de seu título de ex-soberano popular (malgré son titre d´ex-souverain populaire). Naturalmente, é impossível hoje saber se o fato de fato aconteceu, se aconteceu assim mesmo ou se é pura invenção de La Mode, sempre disposta a ridicularizar o ramo da família real que tinha acendido ao trono com a deposição de Carlos X.

Também no ambiente mais reservado da Corte, segundo Denyse Dalbian, o estilo informal de d. Pedro deixou os aristocratas que o viram pela primeira vez desconcertados. D. Pedro chegou a Paris no dia 26 de julho e compareceu como convidado de honra a um jantar promovido pelo rei dos franceses no Palais Royal. Aos que o viram nessa estréia, ele pareceu francamente embaraçado, mesmo sendo tratado com toda a cordialidade pelo rei e a pela rainha. Foi especialmente tímido com as damas, mas ao ser apresentado ao marquês de Lafayette demonstrou entusiasmo juvenil, chamando-o de “herói dos dois mundos”. Conta uma testemunha que de seus lábios jorravam palavras de reverência, louvor e homenagem e que ele teria expressado seus sentimentos a Lafayette com “um ar de familiaridade, como se o conhecesse de longa data” (DALBIAN, p. 164).

Para a maior parte dos viajantes que o viram no Rio de Janeiro, a excessiva informalidade de D. Pedro no trato com todas as pessoas, das mais nobres às mais simples, causava surpresa. Cochrane, que o acompanhou em uma visita de inspeção aos navios da esquadra brasileira em 1823, conta que, quando o imperador desembarcou, pessoas do povo “de todas as idades e cores” se apinharam em torno dele para beijar-lhe a mão. D. Pedro a estendia paternalmente a um e outro com o “melhor humor possível e com a maior afabilidade, não se perturbando a sua serenidade nem ainda com familiaridades tais como nunca vira praticar antes para com rei ou imperador” (COCHRANE, 2003, p. 42). O reverendo Walsh costumava observá-lo à saída da capela da Glória, aonde o imperador ia todos os sábados às nove da manhã rezar. Ele saía da igreja misturado com a gente do povo que gracejava e ria, não dando “a menor demonstração de repulsa ao profanus vulgus, mas sim de desejar confraternizar-se com eles”. Quando d. Pedro era abordado por qualquer pessoa do povo, “entabulava familiarmente uma conversa”. Certa vez, conta ainda o reverendo,

(…) um sujeito esquisito e pouco cerimonioso, pertencente à classe baixa, contou-lhe uma anedota com o desembaraço e a familiaridade com que falaria com um conhecido qualquer, e, no final, o imperador riu gostosamente da história, sendo acompanhado por todos à sua volta, como se não se sentissem nem um pouco constrangidos por sua presença. (WALSH, 1985, p. 202)

A familiaridade é uma forma de atitude social em que, no primeiro encontro entre dois estranhos, há uma quebra nas etapas nos ritos tradicionais de aproximação que são característicos dos costumes das pessoas cultas no Ocidente. Para dar um exemplo, os franceses só passam a chamar alguém pela segunda pessoa do singular, “tu”, depois de pedirem licença para fazê-lo. Antes disto, entre as pessoas educadas que acabam de se conhecer, usa-se sempre o “vós”, segunda pessoa do plural. Adotar, de imediato, uma atitude familiar para com alguém a quem se foi apresentado, visa vencer possíveis resistências do outro. A familiaridade estabelece uma proximidade confortável, uma sensação de igualdade. Quando o interlocutor é alguém que ocupa na sociedade posição hierárquica superior, quem é tratado assim relaxa e se sente bem acolhido. É interessante observar que as atitudes de familiaridade de d. Pedro para com os súditos e pessoas próximas não se confundiam nunca com a anulação da sua autoridade. Mesmo seus amigos mais chegados, tratados por ele com demonstrações do maior carinho, como o Chalaça e Antonio Telles, nunca deixaram de chamá-lo “de meu amo”. Antonio Teles, assim que o viu em Cherbourg, se ajoelhou aos seus pés, foi erguido pelo imperador e abraçado.

Apesar de d. Pedro ter declarado que seu objetivo era viver na Europa como um simples particular, esse particular era o pai de uma rainha destronada que nunca deixou de se empenhar para repô-la no trono. E esta seria a grande missão que levaria a cabo em Paris fazendo uso de recursos políticos bem modernos. Após dez anos de reinado no Rio de Janeiro, conhecendo relativamente bem a língua francesa e sabendo, por experiência, da importância que a imprensa e a propaganda tinham na atividade política, o ex-imperador usará de todos esses recursos em sua bem sucedida campanha. Um desses recursos seria essa cordialidade tão luso-brasileira, a familiaridade que ele estabelecia com qualquer pessoa ao primeiro contato e que lhe possibilitava uma comunicação direta e imediata com o interlocutor, facilitando também a obtenção de apoios.

Exotismo mitigado

Ao narrar a impressão causada pela presença d. Pedro ao lado de Luis Felipe no desfile de 27 de julho, o jornal humorístico Fígaro, em sua edição de 30 de julho, o descreve como “um rei do rio da prata (de la rivière d´argent), um rei quase mitológico, tanto por vir de um reino distante, quanto por ter súditos negros, mulatos, bronzeados; quase um rei Baltazar”. Essa imagem de príncipe mitológico seria retomada, pouco mais de um mês depois, quando da volta de d. Pedro a Paris. Ele se estabeleceu com a família no castelo de Meudon no final de agosto de 1831 e, na primeira vez em que foi visto na platéia do Opera, causou enorme sensação. Fígaro, Journal de Débats, La mode e outras publicações deram a noticia como quem registra um grande acontecimento. Seu sucesso se deveu também ao fato de que aquela primeira aparição de d. Pedro no Opéra coincidiu com a presença na platéia de outra personalidade também vinda de um país exótico: Hussein, o Dey d´Alger, o Regente da Argélia que perdera o posto depois que o país fora invadido pela França. É ainda o Fígaro (21 de agosto de 1831), na matéria intitulada “D. Pedro e Hussein-Dey na Opera” quem pinta com cores mais vivas a cena inédita:

Anteontem à noite, o Opera era um conto vivo das “Mil e uma noites”, se as “Mil e uma noites” têm alguma coisa que se compare a essa soirée. (…) o natural e o impossível, o pequeno e o grande, o melancólico e o alegre, o bufão e o monárquico, a história e o romance, a África e a América, reaproximadas, à distância de alguns camarotes: se acenando, se enviando palavras lisonjeiras.

A comparação inevitável do imperador do Brasil com o dey d´Alger seria seguidas vezes formulada pela imprensa mundana francesa. Depois de sua queda (1830), o Dey pedira abrigo aos vencedores sendo acolhido entre 1830 e 1831, antes de se estabelecer na Itália. Dentro do espírito de conciliação que marcaria a política externa da França de Luis Felipe, o Dey foi tratado como um hóspede do governo. Recebido pelas mais importantes autoridades, freqüentando os espaços mais elegantes, o Dey seria objeto da maior curiosidade em um contexto em que o Orientalismo estimulava a imaginação européia. Suas aparições públicas são registradas sempre, com destaque para o aspecto físico, às roupas e acessórios seus e de seus acompanhantes. Pequeno, gordo e de barba cinza, os jornais dizem que ele masca (Il machônne) o tempo todo, tem o olhar lúbrico, esfrega os pés em público, que sua roupa é dourada, feita com tecidos de fazer inveja às mulheres mais elegantes, que suas pantalonas são amplas (Il nage dans ses pantalons) e suas pantufas moles e macias.

As exigências que o Dey fez para o jantar oferecido em sua homenagem pelo Presidente do Conselho, Casimir Perrier, foram assunto da maior parte dos jornais. La quotidienne, órgão máximo da imprensa legitimista, em sua edição de 29 de agosto de 1831, no 241, reproduz informações publicadas antes no rival Le Temps, (qui paraîut avoir des intelligences jusque dans les cuisines de M. Casimir Périer). Segundo aquele relato, reproduzido em vários jornais, o cozinheiro do Dey teria sido enviado na tarde do mesmo dia do jantar para preparar a refeição de seu senhor. Esta consistira em dois frangos que foram mergulhados vivos na água fervente, cozidos e servidos, mais tarde, acompanhados de arroz exclusivamente ao Dey. Durante o jantar, ao qual comparecera acompanhado de um criado, vestido à oriental, levando um rico punhal na cintura e com os olhos cobertos por óculos verdes, o Dey ignorara a farta e sofisticada mesa de Casimir Perier, comendo apenas o que lhe fora preparado pelo cozinheiro.

Il en a fait ensuite une espèce de pilon, mêlé de quelques grains de riz, et voilà tout le dîner du magnifique Hussein-Dey, Emir aimé du Prophète favori d´Allah, et (jadis) Altissime Souverain Premier Esclave de sa Hautesse le Padichah, Père des Croyans, das les deux Mauritanies Césarienne et Tingitane. (La Mode, 1831, jul/set, pp. 233/234 )

O episódio foi depois comparado pela mesma revista La Mode a situação que teria sido protagonizada por D. Maria, a pequena rainha de Portugal. Conta a revista que, em visita ao Marques de Lafayette, teria se repetido, no que concerne à refeição de d. Maria, a mesma situação do jantar oferecido por Casimir Perier ao Dey. O artigo tinha como alvo fazer a mais demolidora crítica às vestimentas exageradamente vistosas que d. Pedro encomendara para fazer com que a filha fosse apresentada em grande estilo aos liberais franceses em reunião promovida por Lafayette. O excesso de peso de d. Maria era objeto de comentários e, é certamente mais uma ironia da revista atribuir ao fato de que d. Pedro incumbira um negro de sua corte de preparar-lhe a refeição, o desejo que ele tinha de que “sa fille ne se relâchât en rien de son régime habituel”.

Ce repas brésilien consistait dans un potage impromptu qu’on avait fait avec une branche de thym et une poignée de poivre ; ensuite des écorces de melon frites à l’huile, et finalement deux citrons brouillis avec du piment. On en a conclu que le régime habituel des infantes du Brésil n’était pas moins surprenant que leur costume de cérémonie. (La Mode, out/dez, 1831, p. 20)

Ao longo do segundo semestre de 1831, o Dey dividiu as atenções da imprensa com D. Pedro. No entanto, se este também figurava nas matérias políticas dos jornais mais sérios relativas aos negócios de Portugal, o noticiário sobre o Dey era sempre pautado pelo estranhamento e pela chacota. Governante, cuja deposição representava o encerramento da carreira, o Dey era apenas objeto da curiosidade da imprensa e do povo de Paris, e mesmo seus esforços para se adequar aos costumes locais eram ridicularizados. Quando adotou o cartão de visitas a informação foi assim revelada pelos jornais: “Le dey se plie tout-à-fait à nos usages. Il a, par exemple, adopté les cartes de visites, et les siennes portent: M. Hussein, ex-dey d´Alger”.

Aparentemente, durante o verdadeiro massacre que o Dey de Alger sofreu por parte da imprensa francesa, foi a Revue de Paris a única publicação que procurou entrevistá-lo. Em longa matéria, onde diz que a intenção é realmente jornalística, isto é, ouvir o personagem que vinha sendo objeto de tanto interesse e de tanta crítica por parte da imprensa, os detalhes da intimidade do Dey, bem como de seus assistentes são descritos. Uma das questões que o jornalista apresentou ao Dey foi se ele se sentira incomodado com o excessivo interesse que a platéia do Opera tinha demonstrado com relação a ele, instigando-o a falar da coincidência de ali também se encontrar d. Pedro.

Il me répondit que non, et qu´il lui avait paru très-naturel. « Les Français sont curieux ! ajouta-t-il. – Oui, ils aiment à voir, à comparer, à apprendre. Un costume étranger, des habitudes nouvelles nous frappent par leurs différences avec les nôtres”. Je dois avouer que le jour où vous vous trouviez à l´Opéra, en même temps que don Pédro et l ´impératrice du Brésil, votre costume ne fut peut-être pas la seule chose qu´on aimait à remarquer en vous. – “Je comprend très bien ce qu´on cherchait à voir dans la personne de don Pédro et dans la mienne. C´est tout simple. Le hasard de la rencontre dut paraître singulier”.

De fato, como o demonstram as matérias citadas, o interesse da imprensa pelo acontecimento inédito tinha a ver com a circunstância casual de se encontrarem, um diante do outro, dois soberanos estrangeiros depostos e vindos de continentes tidos como bárbaros. Mas ali, ao contrário do que sugere o Fígaro, já se colocava a diferença entre o caráter perfeitamente ocidental de d. Pedro e o orientalismo que impregnava toda a imagem do Dey. Depois de sua chegada à Europa, d. Pedro, sempre cioso de sua aparência, rapidamente se informara sobre os endereços onde os elegantes se vestiam e se penteavam, apresentando-se sempre o mais de acordo com os padrões parisienses de elegância (DALBIAN, p. 194) .

Todo um hemisfério, todo um oceano preenchido entre dois atos, vinte e cinco milhões de habitantes turcos e americanos representados por um velho que esfregava os pés e por um homem jovem de colete de pique branco, gravata preta, acompanhado por uma bela imperatriz a ler o programa dos espetáculos. (Fígaro, 28 de agosto de 1831)

Sob o título “Quelques détails sur Hussein-Pacha – La Muette”, uma carta apócrifa atribuída ao Dey foi publicada no Fígaro, de 04 de setembro de 1831. Ali o Dey se dirige aos parisienses queixando-se da mania que eles têm de fazer com que todo o estrangeiro que chega à cidade “se não usar as mesmas vestimentas” dos ocidentais, seja colocado no mesmo nível de “um rei dos iroquis que vos enviaram de não sei qual feira gascã”. Diz ainda que mesmo d. Pedro, apesar de usar um fraque e de ser irmão de d. Miguel “que vocês detestam”, teria merecido por parte dos parisienses a mesma consideração que eles dedicariam a um trapezista italiano ou a um engolidor de espadas indiano se, por sorte, não tivesse se casado com a bela e charmosa filha de Eugène Beauharnais.

Na imprensa liberal francesa, ao longo do segundo semestre de 1831, enquanto o caráter bárbaro, selvagem, estranho do Dey foi sendo cada vez mais acentuado, a imagem de d. Pedro que ia sendo construída era a do excelente músico (Fígaro, 28.08.1831), do príncipe que era também um poeta (Le Constitutionnel, 08.09.1831) e do pai de família de hábitos burgueses, que passeava com a família pelos parques da cidade, ia ao teatro e assistia às sessões do Parlamento. Assim, sua presença na corte francesa logo se naturaliza e ele passa a ser alguém conhecido e estimado, apesar dos esforços da imprensa conservadora e simpática a d. Miguel no sentido de diminuí-lo.

O exotismo de d. Pedro era produto das circunstancias que tinham levado a família real portuguesa a viver no Brasil. O exotismo do Dey era inerente à sua origem, à história e à cultura de seu povo. O tom bronzeado de sua pele não era como o da pele de d. Pedro, resultada da vida sob o sol dos trópicos e sim elemento de sua origem étnica. Ao contrário do Dey, D. Pedro não é confundido com os povos sobre os quais reinou. Se seu aspecto fora do trono e de situações públicas corriqueiras parecera a um jornalista banal (Fígaro, 28.08.1831), o mesmo podia-se dizer de outros príncipes europeus, como tantos que naquele mesmo momento vagavam aportavam em Paris por conta de revoluções. O fato é que d. Pedro era um europeu, membro de uma das dinastias mais antigas da Europa e, por força de seu estilo e de suas opções políticas, estava em perfeita sintonia com o espírito da Monarquia de Julho.

Exemplo da diferença de tratamento dado ao Dey e a D. Pedro esteve também no mundo dos espetáculos. O ex-governante da Argélia foi tema de uma comédia apresentada no Théâtre du Gymnase. Tratava-se apenas da adaptação de Le Pacha de Surêne, que se aproveitava, para atrair público, do interesse que o exótico personagem, então vivendo em Paris, despertara. O vaudeville de Etienne et Nanteuil estreou no Théâtre du Gymnase, no final de setembro, com o título “Le Dey d´Alger à Paris”. Sobre o espetáculo assim falou o Fígaro ( 01.10.1831), com o mesmo tom humorístico de quase todas as suas matérias daquela fase:

Pauvre Hussein ! quelle destinée que la tienne ! simple soldat de la milice turque, puis officier, puis dey, puis bourgeois de Paris avec un million de revenu. Pauvre Hussein ! Tour-à-tour sujet de la Sublime-Porte, maître absolu d´une régence, et habitué de l´Opéra, il ne te manquait plus que de donner ton nom à nos pièces de théâtres.

Dois meses depois estreava no mesmo teatro, Le luthier de libonne, de Scribber e Bayard, cujo alvo não era d. Pedro e sim seu irmão, d. Miguel. Diz a revista La Mode que, naquele espetáculo, “le roi de Portugal est travesti de la manière la plus dégoûtante et la plus infame”, e sugere que talvez os donos do teatro estivessem cortejando d. Pedro para obter-lhe o patrocínio. Apesar de não remeter diretamente a d. Miguel, então visto com muito maus olhos pelos liberais franceses, o ator que fazia o vilão da peça, Bouffé, era fisicamente parecido com o irmão de d; Pedro. A provocação também não passou despercebida ao Fígaro, que na página de critica teatral publicou artigo dizendo que o Teatro Ginásio tinha declarado guerra da D. Miguel.

Le Gymnase vient de déclarer la guerre à don Miguel. La pièce du « Luthier de Lisbonne » peut servir d´avant-garde à l´expédition de don Pedro. (…) Le petit tyran du Portugal, n´avait pas encore été mis à la scène. Cette burlesque caricature du despotisme méritait d´y être traduite. Tous les vertiges qui passent dans le cerveau de ce monomane couronné devaient fournir des situations à la fois dramatique et singulières. Joignez à cela la bonne fortune de rencontrer, pour remplir un pareil personnage, un acteur comme Bouffé, dont le talent offre autant d´originalité et de variété, que Miguel peut en mettre dans se capricieuses et stupides cruautés. Physique, jeu de physionomie, tout dans Bouffé a contribué à rendre l´illusion complète, et à rappeler aux Parisiens l´aimable prince qu´ils ont pu voir, ainsi que nous, il y a quelques années, spécialement au Cirque-Olympique. (Figaro, 8 de dezembro de 1831, n 341)

D. Miguel caíra em desgraça junto à opinião publica parisiense a partir dos episódios que culminaram com tomada do porto de Lisboa pela esquadra do Almirante Roussin. As informações sobre a violência do regime eram trazidas pelos exilados e divulgadas pela imprensa liberal, então em momento de grande integração na Europa. Algumas situações descritas com minúcias pelos jornais como o espancamento de M. Bonhomme – francês que fora acusado de profanar igrejas católicas em Portugal – pelas ruas de Lisboa e o fuzilamento de todo um batalhão de soldados que tinha se rebelado contra o rei, além da situação degradante em que eram mantidos os presos, garantiram para d. Miguel os mesmos ápodos com que os legitimistas brindavam Napoleão: o monstro, o Calígula, o Nero da Bemposta foram alguns dos nomes que se lhe deram.

Enquanto isto, ao longo dos meses que se seguiram à sua sensacional aparição no Opera, D. Pedro fora se tornando um velho conhecido dos parisienses. Sua presença constante ao lado do rei, ao qual visitava quase todos os dias, era a primeira noticia das colunas dos jornais que dedicavam espaço para o dia-a-dia do soberano. Ele era visto por toda a parte, passeando com a família pelas Tulheries, nos teatros, no parlamento assistindo as sessões, nos bailes, etc. Aos poucos, apenas a legitimista La Mode o associaria ao Brasil e às ultrapassadas imagens de selvageria, com o intuito de desprestigiá-lo e diminuí-lo diante dos europeus. O exotismo deixara de ser elemento importante na sua representação para fazer com que outro aspecto que marcara sua estréia na Europa fosse realçado: seu Liberalismo. Manuseado com habilidade, esta opção política, então novamente na moda, fazia contraste com o Absolutismo de d. Miguel. Neste sentido artigo publicado em o Fígaro que critica a tentativa dos jornais conservadores de colar em d. Pedro a marca de Caim, mostra como a imagem que d. Pedro construíra em Paris estava em perfeita sintonia com o espírito da Monarquia de Julho.

Cain et Abel.

Un journal légitimiste dit : « Don Pedro arme contre le Brésil. Cain, que vas-tu faire de ton frère ? »

Don Pedro est Cain, Miguel est Abel.

Cain est un scélérat et un monstre, grand amateur et compositeur de musique, imposant à se sujets, lorqu´il avait des sujets, ses cantates et ses marches militaires.

Abel au contraire, offre en holocauste au Seigneur ce qu´il a de plus précieux (Bible). Comme Jacob, il a immolé en sacrifice son père, sa mère et les premiers de son peuple.

Cain, réprouvé par Dieu, a quitté son empire et a résigné à couronne à son fils, monarque au maillot, autocrate de cinq ans.

Abel, comprenant que le bonheur de se sujets dépend de sa domination, que la prospérité du Portugal est attachée à son règne, force ses sujets à être heureux malgré eux, et fait pendre et fusiller les mécontents pour leur conserver un bon roi, comme Ugolin qui mangea ses enfants pour leur conserver un père ; il les condamne au bonheur par arrêt, à la félicité par ordonnance.

Caïn, chassé par son peuple, a eu l´infamie de s´en aller, et de venir audacieusement suivre le Roi des Français dans se voyages et aux revues de la garde nationale, avec le sang-froid du criminel endurci.

Abel fait exécuter ses sujets en masse pour faire régner la tranquillité et l´ordre dans ses états. Il efface de la terre les impies, les athées, les déistes, le républicains, et ceux qui, par une cause quelconque, l´ont induit en péché en le poussant à la colère ou au blasphème.

Caïn ne tuera pas Abel, car ses vaisseaux sont arrêtés, et l´argent est rare par les temps qui court.

Si Caïn tombe entre les mains d´Abel, Abel le tuera ; car Abel ne respecte rien. Et d´ailleurs les moines gras de Lisbonne sont pour lui. (Figaro, 12 de novembro de 1831, no. 315 )

Conclusão

Diz Octavio Tarquínio que d. Pedro havia afirmado a um de seus amigos que ia para a Europa para se tornar famoso. De sua experiência anterior, desde a campanha da Independência, tanto no que dizia respeito à imprensa brasileira, quanto a estrangeira, restara a convicção de que ela era fundamental para seus propósitos. Assim, sua estratégia seria conquistar a simpatia da Europa e com ela o apoio indispensável para a causa de d. Maria. Para tanto d. Pedro se valeria da imprensa francesa e da publicação de outros impressos que patrocinaria; das relações de parentesco com a família real e com a família Bonaparte e, também, de um estilo pessoal, no qual a facilidade da comunicação, propiciada pela familiaridade, seria essencial. Seu estilo de vida familiar também estava em perfeita sintonia com o da família real francesa. Era um estilo de vida perfeitamente adequado ao espírito burguês que predominava na sociedade do tempo em que a família passara a ter uma centralidade maior.

Uma serie de circunstancias favoráveis se colocariam em seu caminho. A principal delas fora a reviravolta que a política mundial sofrera a partir da revolução de Julho de 1830 na França. A queda de Carlos X representou não só um golpe nos restauradores como também o começo da derrocada do projeto de 1815 para todo o continente. Em 1831, Luis Felipe, o rei cidadão se empenhava ainda em agradar os liberais, dos quais o mais emblemático era o Marques de Lafayette, que se tornaria amigo de d. Pedro. A nova onda liberal tomava conta da Europa, onde muitas insurreições se inspiraram no movimento francês para eclodir. Até mesmo a Inglaterra elegera um parlamento liberal. A França vivia também um revival de sentimentos napoleônicos. Thiers fizera o elogio do Imperador dos franceses, lembrando o quanto este tinha contribuído para o engrandecimento da nação. Entre a gente do povo, lembranças bonapartistas tornaram-se itens disputadíssimos (v. PINKNEY, p. ). De modo que ser casado com a filha de Eugênio de Beauharnais, o filho de Josefina que Napoleão perfilhara, era algo que ainda mais valorizava o ex-imperador na França.

O hábil manejo de todos esses elementos ajudou d. Pedro vencer a guerra contra o irmão em Portugal. Partir de Paris para guiar sua expedição de reconquista da coroa da filha foi um golpe de mestre. Confiante na sua boa presença e na capacidade que tinha de convencer e seduzir ele se estreitou laços familiares com o rei, tornando pessoal e intima uma relação anteriormente formal, e com os liberais, que o viram como fator fundamental para abater o Absolutismo que reinava ainda em Portugal e na Espanha. A imprensa liberal foi sua grande aliada, publicando matérias favoráveis à sua pessoa e à causa que ele representava, e dando ampla divulgação aos atos repressivos violentos que seu irmão vinha promovendo em Portugal. O exótico foi um elemento a mais na composição de seu personagem. As lendas sobre as inesgotáveis minas de ouro e pedras preciosas do Brasil, as noticias sobre a beleza de suas paisagens e a simpatia de seu povo contribuíam para dar um tom todo especial ao personagem, destacando-o do lugar comum das realezas européias. Mas foi sua capacidade de estabelecer uma comunicação imediata com as pessoas, rompendo códigos estabelecidos e adotando uma atitude de familiaridade para com nobres e pobres, que lhe garantiu o triunfo em Paris.

Notas

1 Para a história da imprensa francesa v. BELLANGER et alli, 1969; LEDRÉ, 1960; KALIFA et alli, 2011.

2 Para uma visão geral do contexto político europeu v. CHURCH, 1983. Para a Revolução de 1830 na França, v. PINKNEY, 1972; VIGIER, 1972 e 1991; MOLLIER & alli, 2005 e DEMIER, 2012.

3 Segundo Camargo, a Revue des Deux Mondes, surgiu em 1829, mas só alcançou sucesso em 1830, quando, para atrair novos leitores fundiu-se com o Journal des Voyages. (CAMARGO, .)

4 A Gazette literaire, revue française et éttrangère de la literature, des sciences, de beaux-arts, etc. foi fundada em 1º de dezembro de 1829 e durou até agosto de 1831. Era publicada todas as quintas-feiras e seus editores foram, inicialmente, Paulin e Gauja. Conforme registrado em aviso no numero 41, Gauja abandonou a sociedade deixando a publicação ao cuidados de Paulin. Na bibliografia consultada não constam maiores informações sobre essa revista e seus editores.

5 Roberto Walsh foi o capelão da embaixada inglesa durante a ultima missão de lord Strangford junto à Corte do Rio de Janeiro. Viajou pelo interior do Brasil e deixou importante relato sobre os costumes brasileiros. (v. WALSH, 1985)

6 Encontrei na Biblioteca Nacional François Miterrand essa publicação datada de 1831 intitulada “Notice sur Don Pedro Ier., Empereur Constitutionnel du Brésil”, assinada por “M. G… avocat”, e publicada pela Imprimérie Le Normant Fils, Rue de Seine, no. 8. Não sei se se trata da mesma mencionada por Octavio Tarquínio que teria sido redigido ainda a bordo por d. Pedro e Plasson e que foi enviado ao Chalaça para ser traduzido e impresso o quanto antes pois, disse d. Pedro na carta que encaminhou o texto “muito me convém que na Europa se saiba o que realmente se passou no Rio, a fim de que a minha honra salva lá (como é público) não padeça cá ser por acaso os periódicos assalariados por meu infame e traidor irmão puder por algum tempo ofuscar a minha glória”. (SOUSA, p. 147).

7 La Mode, revue du monde élégant, foi uma revista com ilustrações de vestimentas femininas e masculinas em cores, lançada por Émile de Girardin, em 1829, sob o patrocínio da Duquesa de Berry (KALIFA, p 218). Depois da Revolução de 1830, La mode seria uma das mais ativas publicações legitimistas fazendo, em meio às colunas mundanas constantes críticas a Luis Felipe e ao seu reinado. Geralmente vazadas em tom humorísticos essas criticas também atingiriam d. Pedro, em notas e em artigos de fundo. Na matéria aqui citada a revista inclui sempre, após o seu nome, a extensa identificação de “imperador constitucional e defensor perpétuo do Brasil”.

8 A Revue de Paris: journal critique politique et littéraire foi uma revista literária bimensal criada por Louis Verón em 1829, tal como sua Revue de deux mondes. O artigo sobre o desembarque de D. Pedro em Cherbourg foi publicado em 1831, tomo 27, pp. 183/186.

9 Essa recepção prestigiosa a d. Pedro ficou registrada na imprensa até mesmo com uma nota de perplexidade. Descrevendo a cerimônia que teve lugar no Panteon, o Journal de Débats, diz : « Au centre de la coupole s´élevait l´estrade royale. On y avait préparé deux fauteuils et deux pliants. Beaucoup de personnes ignoraient à qui était destiné le second fauteuil. Bientôt on a su, par des personnes arrivant de la Bastille, que d. Pedro assistait aux cérémonies du jour à côté du Roi, et on a eu le mot de l´énigme. » Ou seja, Luis Felipe (ou seu cerimonial) considerou que, entre os convidados, apenas D. Pedro tinha status equivalente ao dele.

10 O estabelecimento do conceito de “familiaridade” tal como apresentado acima é uma obra em progresso no âmbito dos estudos que venho desenvolvendo sobre D. Pedro I. Ela não se confunde necessariamente com a idéia de “homem cordial” tal como construída por Sergio Buarque de Holanda em “Raízes do Brasil” e sobre a qual existe vastíssima bibliografia. A familiaridade, tal como descrevi acima, implica na quebra dos modelos de comportamento estabelecidos pela sociedade aristocrática tal como os descreve Tocquevile (apud DA MATTA, 1979 p. 145). Tal como a cordialidade, a familiaridade é um produto cultural da tradição ibérica trazida pelos portugueses. No entanto, quando adotada como atitude social por uma personalidade única, o ex-imperador do Brasil, ela produz o efeito que se assemelha “Você sabe com quem está falando?” de Da Matta (idem, cap. IV). Afinal, sendo indiscutivelmente a figura hierárquica mais importante nas cenas de rua descritas, d. Pedro se dava ao luxo de ser familiar com o povo que não tinha dúvidas sobre com quem estava falando. Já no ambiente da intimidade palaciana de Louis Philippe a inicial timidez e o subseqüente deslumbramento diante de Lafayette, manifestações espontâneas do imperador, espantaram pois não se adequavam aos códigos daquele grupo.

11 Dey era o título que se dava ao Regente da Argélia, então ainda pertencente à Turquia. A Argélia era dividida em quatro partes cada uma das quais governadas por um Bey que deviam obediência ao Dey. Em 5 de julho de 1830, Hussein Pachá, o Dey da Argélia, assinou tratado de submissão com a França depois de uma série de episódios que tiveram início em 1827. Hussein Pacha foi o ultimo Dey da Argélia, tendo pedido exílio à França onde residiu até o final de 1831. O governo da Revolução de Julho não aceitou seu pedido para fixar-se na Franca e ele acabou exilando-se na Itália por três anos. Morreu em Alexandria no Egito em 1838 com a idade de 63 anos. Sobre as questões relativas a invasão da Argélia v. PINKNEY, pp 14-15.

12 A política interna e externa de Luis Felipe seria orientada pelo ideal do “juste millieu”, princípio que ele estabeleceu em documento enviado à cidade de Gaillac no final de janeiro de 1831 onde diz que em seu reinado procuraria se ater a uma política do justo meio, afastada tanto dos excessos do poder popular quanto dos abusos do poder real”. No que diz respeito à política externa essa atitude seria equivalente à neutralidade em que a França procurará se manter com relação aos problemas internos de seus vizinhos, à cordialidade com as grandes potencias e à busca de uma colaboração estreita com a Inglaterra. A recepção generosa ao Dey e a outros governantes depostos que procuravam abrigo na França faria parte também desse espírito de boa vontade e de respeito aos adversários. Tal política seria assim resumido de forma irônica por La quotidienne, em 28.08.1831 “nous étions cramponnés à notre système de paix à tout prix, et que nous n´avions rien à refuser à personne pour éviter la guerre et les démêlés”

13 O fascínio que a figura do Dey de Alger exercia sobre os parisienses estava dentro do espírito da onda orientalista que inspirava pintores, poetas e escritores naquele contexto. Tanto Chateaubriand quanto Victor Hugo e Lamartine se renderam ao orientalismo contemplando-o em suas obras. Na pintura Delacroix, Decamps, Vernet, entre outros também se inspiraram no oriente. O gosto pelas modas asiáticas também fez com que muitos contemporâneos se fizessem retratar em trajes orientais. Sobre o Orientalismo ver o artigo de Guy Bartelemy, assim como outras referencias em: http://dictionnairedesorientalistes.ehess.fr/document.php?id=34

14 D. Amélia de Leuchtemberg, segunda imperatriz do Brasil, era filha do Príncipe Eugène Beauharnais. Esta circunstancia que fazia dela quase uma neta de Napoleão Bonaparte seria também motivo de prestígio para d. Pedro em Paris.

15 Em 8 de julho de 1831 o Almirante Albin Roussin, obedecendo a ordens de seu governo forçou a entrada no Tejo e exigiu do governo de D. Miguel reparação a ofensas feitas a cidadãos franceses. Diante da resistência das fortalezas, em 11 de julho travou-se o combate que foi vencido pelos franceses. D. Miguel teve que ceder às exigências que implicaram e viu os navios de guerra e de comercio que estavam no porto serem seqüestrados pela esquadra de Roussin como parte do pagamento das despesas pela operação naval.

16 Sobre o estilo de vida burguês de Luis Felipe e sua família, v. MARGADANT, 2008.

Referências Bibliográficas

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