BARBIE CELEBRA 57 ANOS E GANHA EXPOSIÇÃO NO MUSEU DAS ARTES DECORATIVAS
Mostra dedica à boneca, ícone da mulher americana e da moda, uma grande retrospectiva.
Por Kênya Zanatta
Aos 57 anos, a loira de medidas impossíveis ganhou três novas silhuetas, mais parecidas com as mulheres que se vê nas ruas. Com as versões alta, baixa e curvilínea, a Mattel responde às críticas de que a boneca Barbie impunha às crianças um modelo de beleza inatingível. No ano passado, o fabricante já havia dado a ela novas tonalidades de pele e tipos de cabelo, a fim de espelhar a diversidade étnica de seus consumidores – e tentar reverter a queda nas vendas da boneca. Mesmo perdendo popularidade, ela ainda é ícone do imaginário coletivo, como apontou a capa da revista Time dedicada aos novos modelos.
“Ela saiu do campo dos brinquedos e se tornou um personagem. Em cada época, Barbie representou algo diferente. Em 1959, quando surgiu, era pioneira porque trabalhava, ainda não era casada com Ken, não tinha filhos… Era uma mulher livre! Hoje, representa um ideal feminino que não agrada a todos, porque é loira e bonita demais. As novas bonecas da Mattel permitem que ela esteja novamente ancorada na realidade”, analisa Anne Monnier, curadora do departamento de brinquedos do Museu das Artes Decorativas, em Paris. A instituição inaugura neste mês uma grande mostra dedicada a Barbie, refazendo o contexto histórico e sociológico no qual foi criada e evoluiu.
Inicialmente, ela provocou escândalo: era a primeira vez que uma boneca tinha um corpo de mulher, com seios. Embaixadora do American way of life, ela já teve mais de 150 profissões, de bailarina a paleontóloga. Seu guarda-roupa espelha as tendências das últimas seis décadas e será apresentado ao lado de peças da extensa coleção de moda do museu. Estilistas como Paco Rabanne, Jean Paul Gaultier e Christian Lacroix conceberam modelos exclusivos para a boneca, que também ganhou sapatos desenhados por Christian Louboutin, com os famosos solados vermelhos.
Barbie influenciou criadores de moda. Foi a inspiração para um desfile de Jeremy Scott para a Moschino: ele transformou os manequins em versões humanas da boneca. Karl Lagerfeld foi mais longe: em vez de se limitar ao figurino, criou uma Barbie para colecionadores a sua imagem e semelhança, com blazer preto sobre camisa branca, óculos escuros e até o característico cabelo branco do kaiser da Chanel.