Uma das principais atrações da cidade mais visitada do mundo, a Champs-Elysées (ou Campos Elíseos, como muitos brasileiros preferem chamar) é sinônimo de luxo, compras e cultura. A arquitetura antiga de suas construções, as alamedas e jardins bem cuidados, os marcos históricos – como o Arco do Triunfo e o Obelisco – e suas lojas modernas, tornam a Champs um passeio único e que vale a pena.
Não por acaso chamada pelos franceses como a avenida mais bela do mundo, é palco dos principais acontecimentos da vida francesa. Desde 1880, ela acolhe o desfile militar de 14 de julho. Em agosto de 1944, na Liberação de Paris do domínio nazista, a multidão ali se apressou para festejar o General de Gaulle. Em julho de 1998, foi na Champs-Elysées que uma maré humana se reuniu para celebrar a vitória da França na copa do mundo. Na época do Natal, ela fica toda enfeitada e uma enorme roda gigante é instalada na Praça da Concórdia. E em maio de 2010, por dois dias, ela literalmente virou um imenso campo, com plantações e animais, durante o Nature Capitale, um evento para promover a consciência ecológica dos parisienses e turistas. Assim, a famosa avenida simboliza tudo o que acontece em Paris.
Uma jovem avenida
Em comparação com a história da capital, a trajetória da Champs-Elysées é bem recente. Até o início do século XVII, a avenida nada mais era do que um caminho sem graça e barrento. Até que em 1616, Maria de Médicis decide construir uma alameda margeada por árvores. É chamada, então, de Cours de la Reine. Em 1670, o rei Luis XIV encarrega Andre Le Nôtre, o arquiteto paisagista responsável pelo Jardim de Versalhes, de realizar uma avenida repleta de jardins paisagísticos. La Nôte já havia construído o Jardim das Tulherias (Jardin dês Tuileries) e deveria fazer o prolongamento até o atual Champs-Elysées Marcel Dassault. O nome da avenida é mudado várias vezes: inicialmente para Grand-Cours, para distinguir no nome anterior; em seguida para Grande Allée du Roule, depois L’avenue du Palais des Tuileries e, finalmente em 1709, para Champs-Elysées. Em 1724, é prolongada até os limites de hoje, no monte de Chaillot, onde atualmente está a Praça Charles de Gaulle Etoile.
Porém, mesmo com todo o investimento da realeza, a Champs-Elysées não é bem vista na época, pois é conhecida como lugar de vagabundos e prostitutas. Sua sorte começaria a mudar durante a Revolução Francesa. Foi pela avenida que Luiz XVI e Maria Antonieta desfilaram, em 25 de Junho de 1791, como prisioneiros, ao serem capturados após uma fuga para Varennes. Na mesma época, a Praça da Concórdia torna-se um lugar de execução “dos inimigos da Revolução”. Foi, então, que o Diretório, que governava a França no período, decide fazer da Champs um lugar mais valorizado. Cafés e restaurantes começam a serem abertos. Em 1828, a avenida torna-se propriedade de Paris e começam a ser construídas calçadas e fontes. Alguns anos mais tarde, em 1834, Luis Felipe I contrata o arquiteto Jacques Hittorff para reformar os jardins e a Praça da Concórdia. A avenida continua a ser melhorada e no reinado de Napoleão III (1852 – 1870) já é o lugar mais elegante de Paris.
Um pedaço do mundo em Paris
Durante o século XX, a Champs-Elysées continua sendo sinônimo de elegância e luxo. Contudo, na década de 1950, com a chegada do RER – um trem que liga Paris às cidades mais próximas -, franceses de todas as classes podem frequentar a avenida. Então, as marcas mais populares ali também se instalam.
Em 1994, uma grande reforma é iniciada pelo então prefeito Jacques Chirac. A Champs-Elysées passa a ser ainda mais valorizada, refletindo a mistura de povos – turistas e nativos – que ali frequentam. As marcas mais luxuosas, como, por exemplo, Cartier e Swarovski, convivem com as mais populares e conhecidas do mundo inteiro, como Disney, Hugo Boss e Gap. A programação cultural é vasta: há vários cinemas – com realizações constantes de pré-estreias -, teatros, cabaré e exposições. E bares e restaurantes, dos mais luxuosos às redes internacionais de fast-food, estão sempre lotados.
Para os comerciantes, ter um ponto comercial na Champs-Elysées, apesar de caro, é garantia de publicidade e lucro. E para os que por ela passam, estar numa das avenidas mais charmosas do mundo é sentir-se privilegiado, mesmo que seja apenas de passagem.
Algumas atrações da Champs-Elysées
Praça da Concórdia (Place de la Concorde)
Foi projetada no século XVIII pelo arquiteto Jacques-Ange Gabriel. Durante a Revolução Francesa, foi chamada de Place de La Révolution. Com a instalação da guilhotina, tornou-se palco das execuções da família real francesa, dos revolucionários Danton e Robespierre e de mais de mais 1100 pessoas. Após esse episódio sangrento, ela passa a se chamar Praça da Concórdia (Place da la Concorde), em 1795. Em 1815, seu nome é mudado para Praça Luis XV, mas em 1830 volta a ser Praça da Concórdia. No mesmo ano, são instaladas as duas fontes enfeitadas com a proa de um navio, o emblema de Paris. Em 1844, a praça é o primeiro lugar da capital a receber iluminação elétrica. O obelisco é a sua principal atração. Para se chegar à Praça, o acesso é pelo metrô Concorde, linhas 1, 8 e 12.
O Obelisco de Luxor
Presente do Egito aos franceses, o artefato de 3200 anos foi trazido para Paris em 1836, por Luis Felipe I. O Rei estava à procura de um monumento que não despertasse o fanatismo nem dos revolucionários, nem dos monarquistas.
Os Jardins das Champs-Elysées
Em 1814-1815, as tropas russas e prussianas, ao invadirem Paris, acamparam no jardim, que foi quase destruído. Em 1834, uma grande reforma, empreendida pelo arquiteto Jacques Hittorff, o criador da Gare du Nord, deu nova vida ao lugar. Foram instaladas, então, fontes, pavilhões e candelabros de gás. O jardim ainda passou por outras duas reformas: em 1859, quando foram colocados os jardins ao estilo inglês, e em 1883, quando Charles Garnier, o mesmo arquiteto que criou a Ópera de Paris, reformou uma pequena sala de espetáculos situada no jardim, dando origem ao Teatro Marigny. Com a construção do Grand e Petit Palais, para a Exposição Mundial de 1900, os Jardins das Champs-Elysées tiveram sua área reduzida. Metrô Champs-Elysées Clémenceau, linha 1.
Praça Charles de Gaule-Etoile
Em 1854, Napoleão III encarrega o arquiteto Jacques Hittorff de construir uma praça de acordo com as ideias de Haussmann. O então prefeito de Paris, que estava reformando as ruas da cidade, desejava um espaço aberto, formado pelos lados de uma estrela. Chamada de Etoile até 1969, com a morte do General de Gaulle passa a se chamar Praça Charles de Gaulle – Etoile.
Arco do Triunfo
Em 1806, Napoleão I decide construir um monumento para celebrar suas vitórias: o Arco do Triunfo. O projeto começa, então, a ser realizado pelo arquiteto Chalgrin. O monumento é decorado com esculturas destacando as batalhas napoleônicas e mitológicas.
Por ocasião do segundo casamento de Napoleão, desta vez com a imperatriz Maria Luísa, o Arco do Triunfo ainda não estava pronto. A solução foi construir uma réplica em tamanho natural para que o imperador pudesse fazer a entrada triunfal com sua nova esposa. Nos anos seguintes, a obra foi abandonada e só concluída em 1836, pelo rei Luis Felipe I.
O Arco do Triunfo é um lugar de memória patriótica francesa, principalmente desde o desfile de 14 de julho de 1919 – o primeiro depois da Primeira Guerra – e o enterro do soldado desconhecido, em 1921.
Na visita, é possível subir até o topo do Arco através de uma escada situada dentro da loja de souvenis. Lá em cima, a vista de Paris é magnífica: pode-se ver a Torre, o Arco de La Dèfense e até a Igreja de Sacré-Coeur. Além disso, o monumento abriga exposições interativas: em uma delas, há imagens de todos os arcos do triunfo construídos na França e em várias partes do mundo.