As ruínas do castelo.

Les-Baux-de-Provence é um maciço rochoso muito íngreme, com 900 metros de altura,  no meio de uma planície linda. Lá no alto, tem um local gradeado, de onde se avista toda a região. No dia em que resolvemos subir até o cume,  o nosso guia disse que era um pouco perigoso, pois a nossa Van iria subir com dificuldade por estarmos só nós três, tinha pouco peso e balancearia muito. Não dei muita importância ao que ele falou e pedi para subir. Estávamos hospedados na cidade e queríamos ver tudo lá em cima e lá de cima. Realmente, balançou muito e ficamos com medo. Ele não conseguiu chegar até o topo, deixou-nos perto e voltou para estacionar num lugar seguro. O vento era tão forte lá no alto que primeiro nos seguramos com muita força às grades que cercam o cume. Não conseguimos ficar em pé, então a solução foi sentarmos de encosto às grades e esperar o vento diminuir. Paco, o nosso guia, aconselhou-nos a deitar no chão, senão seríamos atirados longe. Como tenho cabelos longos e o vento levava para todos os lados e cobria o meu rosto, meu marido brincou comigo, disse que ele não tinha problema algum, é quase careca. Depois que o vento acalmou um pouquinho, começamos a descer devagar e vimos um belo  castelo, ruas com restaurantes, pousadinhas para turistas e muitas lojinhas  de materiais para pinturas, tintas minerais chamadas bauxita, nas cores dégradés da própria montanha e outras várias cores para combiná-las entre si. Coisas para artista plástico e para mim também, que adoro pintar. Fizemos algumas compras e descemos depois que o vento acalmou. Quando chegamos ao nosso hotel, vimos os hóspedes apavorados olhando para a TV no hall de entrada. Prestei atenção e vi que o governo estava pedindo para a população não sair de casa, o vento estava a 130 km/h. Acabamos jantando no restaurante do hotel que era uma beleza e tinha uma comida deliciosa. Só no outro dia saímos para almoçar e passear, já estava tudo legal e esquecemos o medo do dia anterior.

Segundo a história, nestas ruazinhas, no Século XI, moraram os Duques mais poderosos do sul da França. Eram guerreiros e do alto desse rochedo eles dominavam as cidadezinhas e vilas ao redor. Quando visitamos as ruínas do castelo deu para ver as catapultas, as armaduras dos cavaleiros e os canhões de guerra. O piso é liso e dos dois lados da pavimentação muito antiga, bem coladas nas casas, há pedras menos lisas para que se possa caminhar. Os nobres foram derrotados  no Século XV e deixaram para a história a fama de tiranos, que obrigavam seus prisioneiros a saltarem pelas janelas do Castelo em direção ao precipício.