Folha de Pernambuco
Pai e filha depois de liberados pela polícia dos EUA
Clientes da agência central do Banco do Brasil de Recife (PE) que cambiaram reais por dólares, entre 8 e 19 de junho, tiveram dias de angústia, porque foi constatado que dos caixas daquela agência tinham sido entregues 24 mil em dólares falsos.
Pelo menos nove pessoas receberam cédulas falsas – e outros seis casos estão sendo apurados.
A irregularidade foi revelado por uma das vítimas, João Neto da Silva, 57 anos, que inadvertidamente pousou nos Estados Unidos com milhares em cédulas falsificadas na carteira. Depois da chegada, que aconteceu às 5h20 da manhã da quarta-feira 24, Silva encontrou a filha Amanda Parris, 27, que há quatro anos estuda em Houston (Texas), e os dois decidiram que a primeira coisa a fazer seria depositar no Bank of America o dinheiro trazido do Brasil.
Sem dormir, ainda no mesmo dia, eles foram ao banco depositar na conta da filha US$ 2,5 mil dos US$ 2,82 mil recebidos no BB. Mas, durante a transação, funcionários constataram que as cédulas não eram autênticas, chamaram a polícia e João Neto foi proibido de deixar o país.
“Eu me desesperei e nós choramos muito. Foi um constrangimento muito grande”, diz Amanda. O pai dela nada fala ou entende no idioma inglês.
Outras famílias que receberam, na mesma agência, também passaram por experiências desagradáveis em solo estrangeiro.
O casal Eduardo e Kátia Nóbrega estava em sua primeira noite em Miami, no dia 14 de junho, quando foi surpreendido ao pagar a conta de um restaurante e descobrir que US$ 1,8 mil dos US$ 3 mil de que dispunham não eram verdadeiros. Numa entrevista à TV local, Nóbrega contou que o sentimento foi de vergonha. “É como se você fosse pego roubando, todo mundo fica olhando você como ladrão“.
Para o contador Flávio Amâncio e sua mulher, que viajaram para Nova York com notas também recebidas no BB pernambucano, a humilhação veio ao serem cercados por seis seguranças numa loja de departamentos.
José Maria Rangel Júnior era outro cliente que iria aos EUA com as cédulas falsas em agosto. Soube dos fatos ocorridos nos EUA e procurou a Polícia Federal brasileira.
O administrador Marco Antônio Freire de Lyra também prestou esclarecimento à Polícia Federal contando que soube dos dólares falsificados no comércio de Buenos Aires, na Argentina.
O Banco do Brasil constatou que a quantia fraudulenta, que soma US$ 24 mil, foi recebida em 10 de setembro de 2014, em operações rotineiras de câmbio manual. Por uma falha na verificação da autenticidade, cédulas falsificadas de US$ 100 foram aceitas pela instituição. De uma forma geral, no sistema financeiro as notas costumam ser checadas por pelo menos duas pessoas, o funcionário da boca do caixa e o responsável por colocá-las no cofre.
Os dólares falsos ficaram trancados na Tesouraria até serem comercializados, entre 8 e 19 de junho. Agora, uma investigação interna e outra conduzida pela Polícia Federal vão apurar quem são os responsáveis pelo erro, além de tentar rastrear quem repassou os dólares ao banco.
O Banco do Brasil se comprometeu a prestar assessoria jurídica aos lesados, além de afirmar que as pessoas identificadas já foram ressarcidas. Em nota, o BB afirmou que “95% dos dólares adquiridos são provenientes do Banco Central norte americano e que está checando novamente a autenticidade das cédulas que possui em todo o País”.
Pai e filha
O caso de João e Amanda foi resolvido depois que o BB contratou um advogado americano para conversar com as autoridades e assumir a culpa da instituição no caso, livrando a família de qualquer responsabilidade criminal.
A viagem do pai de volta ao Brasil estava programada para ontem (06), mas os dois resolveram estender a permanência para finalmente aproveitar as férias juntos.
Apesar do sentimento de alívio depois da tormenta, disseram que, no Brasil, processarão o banco por danos morais e materiais.
Fonte: Espaço Vital.