O Canal de Beagle separa as ilhas ao sul da Terra do Fogo, no extremo da América do Sul. Marca também a fronteira entre o Chile e a Argentina. Pode-se navegar pela região, partindo do porto de Ushuaia, em visita a várias ilhas pelo caminho, como a dos Pássaros, Alicia, Bridges e Redonda, onde se avistam lobos marinhos, pinguins, cormoranes e outras aves marinhas. No verão pode-se chegar a estância Harberton, onde viveu o primeiro homem branco na Terra do Fogo.
Os primeiros desbravadores destas terras chegaram a pé ao que é hoje a Ilha Grande (ou Isla Grande, em espanhol), há mais de onze mil anos. Foram caçadores nômades que vieram do norte, dispostos a sobreviver com os recursos naturais de um espaço que ainda se mantinha conectado à Patagônia Continental. Tempos depois, chegou uma segunda onda de desbravadores nômades; estes últimos vieram navegando, de ilha em ilha, desde o arquipélago ocidental da Patagônia.
Milhares de anos fizeram com que as águas oceânicas causassem a erosão de uma parte considerável do continente. Violentos movimentos terrestres geraram essa divisão continental, formando uma grande ilha e um passo inter-oceânico.
O homem europeu só conheceria a Ilha Grande da Terra do Fogo e o Estreito de Magalhães bem mais tarde. Em meados de 1520 a expedição de Fernão de Magalhães ao Sul da América do Sul rendeu as primeiras descrições da Terra do Fogo.
Durante a travessia, os navegantes espanhóis observaram fogo e fumo sobre a costa setentrional, e em virtude disso batizaram a ilha como Terra do Fogo (ou Tierra del Fuego, em espanhol). Com o tempo várias expedições européias permitiram um contato mais direto entre o homem branco e os aborígines.
Uma missão de pastores anglicanos, dirigida por Thomas Bridges, instalou-se na zona do Canal de Beagle em 1869, formando o primeiro assentamento europeu no que compreende, atualmente, o território do departamento de Ushuaia.
A cidade foi fundada em 12 de outubro de 1884, sobre as costas do Canal de Beagle, e é rodeada pelos montes Martial e Olivia, da cordilheira dos Andes, e pelos férteis e belos vales glaciais.
À medida que o homem branco avançava sobre o território, a vida dos indígenas ia sofrendo gravíssimas perturbações. De vários pontos da ilha, inclusive de Ushuaia, partiam bandos de mercenários contratados por fazendeiros, com o consentimento das autoridades, para exterminar a população aborígine. Já em 1930 quase toda a população aborígine havia desaparecido.
No início do século XX foi construído nas proximidades da então aldeia de Ushuaia o célebre Presidio de Ushuaia, que funcionou de 1902 a 1947. Posteriormente passou para as mãos da Marinha da Argentina e, após um longo tempo de abandono, foi transformado em um museu, o Museo del Fin del Mundo. O museu exibe, entre outras curiosidades, a linha de ferro mais austral do mundo, que conduzia os presos do Presidio de Ushuaia aos campos de trabalho situados no atual Parque Nacional Tierra del Fuego. Recentemente a linha de ferro foi reativada com propósitos turísticos, conectando o terminal, situado no parque nacional, com a Baía de Lapataia.